O que é um planeta de provas e expiações?
Se você é espírita ou umbandista já ouviu muitas vezes alguém dizer que estamos encarnando em um planeta de provas e expiações. Mas será que você compreende o que isso quer dizer?
Na pergunta 132, em O Livro dos espíritos, Kardec pergunta ao Espírito da Verdade qual o objetivo da encarnação. E ouve como resposta:
“Deus lhes impõe (aos espíritos) a encarnação com o objetivo de fazê-lo chegar à perfeição.
Para alguns é uma expiação, para outros é uma missão.
Todavia, para alcançarem essa perfeição, devem suportar todas as vicissitudes da existência corporal; nisto é que está a expiação”.
A resposta continua, abordando um outro assunto também não compreendido pela maioria dos espíritas, mas vamos parar por aqui.
Pois bem, no que consiste a expiação?
Em suportar as vicissitudes. Ou seja, em nenhum momento o Espírito da Verdade está dizendo que você deve sofrer.
Os espíritas que ensinam que o objetivo da encarnação é sofrer não entenderam nada do que o Espírito da Verdade falou.
Você encarna para suportar as vicissitudes, ou seja, os momentos agradáveis e desagradáveis da vida humanizada, os momentos de prazer e desprazer, os momentos alegres e os momentos tristes.
Vicissitude é essa alternância de situações.
Portanto, quem divulga que vicissitude é sofrimento não sabe o significado desta palavra.
E alguém tem o controle sobre as vicissitudes?
Só Deus.
Elas acontecem em função do gênero de provas que escolhemos antes de encarnar.
E onde está o sofrimento?
No nosso livre arbítrio.
Ou seja, só sofre quem quer.
Se você está, nesse momento, vivendo suas vicissitudes negativas, você tem o livre arbítrio de louvar a Deus, ou seja, amá-lo acima de todas as coisas, ou sofrer.
Você pode passar por suas vicissitudes negativas com resignação e com coragem, agradecendo pela oportunidade de ser benevolente ou indulgente com aquele que te agride ou ofende, ou, então, se revoltar, blasfemando ou acusando este ou aquele pelo seu sofrimento.
Aí, portanto, está o seu livre arbítrio.
Ficou claro o que é expiação?
Então vamos falar das provas.
Cada espírito escolhe o gênero de provas que quer viver na terra, ou seja, antes de encarnar ele pode ter estudado sobre o orgulho, sobre a vaidade, sobre o preconceito e tantos inúmeros gêneros de provas.
Só que, no mundo espiritual como aqui na terra, você só vai provar se aprendeu a lição quando fizer uma prova.
A prova existe para você provar a si mesmo que aprendeu alguma coisa. Não ainda estudar que o ciúme não é um sentimento saudável e não colocar em prova que você é capaz de vencer esse sentimento.
Por isso é que a terra é também um planeta de provas.
O espírito não encarna para estudar na terra.
Ele estudou no mundo espiritual, onde tudo funciona. Ele vem para a terra provar se a lição foi bem compreendida por ele.
Assim, se o espírito quer provar que ele venceu o ciúme, terá que viver situações que provoquem ciúme nele; se ele quer provar que venceu o desejo por fama, terá que viver situações em que será difamado; se ele quer provar que venceu a tentação da vaidade; terá que viver situações que ferem sua vaidade, e assim por diante.
E alguém precisa sofrer por causa disso?
É claro que não.
O espírito não é traído, o espírito não é gordo ou magro, o espírito não é difamado etc. Quem está sendo colocado diante de tais situações ilusórias é o nosso ego, ou seja, nossa personalidade temporária.
E por que a maioria dos espíritos humanizados sofre com tais provas?
Porque se esquece que o Eu (espírito eterno) não é o ego (personalidade temporária).
Vejamos o que nos ensina o pensamento oriental:
”como dois pássaros dourados pousados no mesmo galho, o ego e o Eu, intrinsecamente ligados, coabitam; o primeiro ingere os frutos doces e azedos da árvore da vida; o segundo tudo vê em seu distanciamento”.
Que frase bonita é essa!
O Ego é que ingere os frutos doces (momentos de prazer) e os azedos (momentos de desprazer) da vida humanizada, ou seja, as vicissitudes.
Preso a essa ilusão, o ego te levará a sentir alegria e tristeza em conformidade com a roda da vida.
Preso ao ego nunca alguém será feliz, pois como disse Jesus:
“a felicidade não é desse mundo”.
Mas não vamos entender essa frase de Jesus como a maioria dos espíritas, que acham que ele está dizendo que não tem jeito mesmo de ser feliz aqui na terra.
Portanto, só nos resta sofrer até voltarmos ao mundo espiritual.
Não! Jesus não falou nada disso.
Jesus ensinou que você não deve buscar a felicidade nas coisas materiais, ou seja, nas coisas ilusórias.
A sua felicidade deve ser incondicional.
Ela não pode estar condicionada a nada que seja do mundo material, pois esses são instrumentos das nossas provas.
Os apegos materiais, sentimentais e culturais, além da nossa falta de Fé (já que fé raciocinada não é Fé) nos fazem infelizes quando qualquer coisa que desagrade o nosso ego aconteça.
Para você passar pelas suas vicissitudes sem sofrer, você precisa se desligar dos dois lados dessa moeda.
Se você se regozijar ou ficar eufórico nos momentos das vicissitudes positivas, tenha certeza que você irá sofrer bastante nas negativas.
Vocês mesmo dizem:
“quanto mais alto o vôo, maior o tombo”.
É isso que acontece com aqueles que idolatram pessoas (egos), possuem os filhos, os maridos, as esposas etc.
Um dia Deus vem e os retira de você.
Aí você sofre porque não aprendeu que idolatria ou posse não é amor.
Para passar pelas provações e ser feliz incondicionalmente é necessário passar pelas vicissitudes com equanimidade, ou seja, com igualdade de ânimos.
O pensamento taoísta diz que a alegria já possui os germens da tristeza.
E é isso mesmo.
Pois é assim a roda da vida.
Vencê-la é ser feliz incondicionalmente, não importa o que aconteça.
Quem é feliz incondicionalmente, não altera momentos de alegria e tristeza, prazer e desprazer.
Nada que aconteça no mundo ilusório da matéria é capaz de acabar com sua paz interior.
Quem aprendeu a lição é misericordioso, ou seja, esquece toda ofensa ou agressão que recebeu.
Dizer que perdoa, mas ficar remoendo por dentro, achando que o outro cometeu algum erro, significa que ainda não compreendeu que Deus é a causa primária de todas as coisas.
Em outras palavras, ainda precisa de mais provações ao longo da existência carnal para aprender a ser feliz incondicionalmente.
Texto canalizado na ONG Círculo de São Francisco
São Carlos/SP – 20/07/2006.
OLHO DE BOI
Há 4 anos
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