domingo, 5 de julho de 2009

O ATO E AS ATITUDES

As palavras criadas pelos seres humanizados nem sempre são precisas para a expressão de nossos pensamentos. Isso acontece, por exemplo, na distinção entre a palavra ato e atitude. Alguns dicionários classificam-nas como sinônimas. Mas existe uma diferença fundamental entre elas que deve ser ressaltada para que possamos compreender como funciona a chamada Lei cósmica do Carma.

Os livros religiosos costumam dizer que nossos atos serão julgados por Deus e que a Lei de Causa e Efeito (carma) processa-se através dos nossos atos.
Essa compreensão é correta se estivermos pensando que ato é sinônimo de atitude. Porém, quando diferenciamos estas duas palavras, vamos notar que o carma não está ligado ao ato (ação), mas com a atitude, a intencionalidade com o qual o ato foi praticado ou vivido. Vamos exemplificar.
Tomemos um ato corriqueiro nos dias de hoje: dar um prato de comida para o mendigo que bate em nossa porta. O mesmo ato (dar o prato de comida) pode ser realizado a partir de várias atitudes: uma atitude amorosa e benevolente, uma atitude rancorosa (criticando o governo ou quem quer que seja pela situação), uma atitude orgulhosa, uma atitude de desprezo etc.

Enfim, todos os atos (as ações exteriores que podem ser percebidas, sentidas, descritas etc.) podem ser realizados a partir de diferentes atitudes. Portanto, é na atitude que se encontra a carga energética necessária para o movimento ilusório da ação exterior, acionando a Lei de causa e efeito. Assim, uma intencionalidade amorosa sempre anula o efeito de um carma anterior, enquanto todas as demais intencionalidades geram novos carmas.
Em outras palavras, o Amor é um sentimento integral que não é dualista. Ou existe Amor ou não existe. Da mesma forma que as trevas são tão somente ausência de Luz, não existindo por si mesmas, tudo aquilo que podemos definir como não sendo Amor não é o outro lado da moeda, mas outras coisas. E o que seriam? Seriam os sentimentos criados pelo ego. Os sentimentos criados pelo ego são, propositadamente, dicotômicos. Eles são criados com dois lados e cada um possui a essência de seu oposto:

Alegria X tristeza
Apego X aversão
Belo X feio
Agradável X desagradável
Bom X mau
Positivo X negativo
Etc.

Quando nos prendemos a qualquer um dos pólos dos sentimentos criados pelo ego estaremos adquirindo novos carmas e, conseqüentemente, vivenciando novos ciclos de prazer/desprazer (sofrimento) ao longo de nossas vidas humanizadas.
Libertar-se das atitudes dicotômicas é uma forma de libertar-se do carma, vibrando sempre amor não importa o que acontecer, por isso falamos sempre em amor incondicional.

Os atos exteriores que podem ser captados ou percebidos pelos sentidos vão gerar diuturnamente provas para os envolvidos direta ou indiretamente naquela ação e o carma será gerado ou anulado em função da atitude que cada um dos envolvidos tomar.
Por exemplo, a TV mostra o julgamento de uma pessoa que atirou uma criança em um rio. Aquele que manifestar uma atitude crítica ou punitiva em relação àquela pessoa, estará adquirindo carma. Por seu lado, aquele que manifestar uma atitude amorosa pelo “algoz” e pela “vítima” irá se libertar de um carma.
A atitude amorosa é sempre equânime, ou seja, feita com igualdade de ânimos. O amor incondicional em qualquer ato vivido impede a aquisição de novos carmas.
Dito isso, podemos, finalmente, compreender porque quem busca a felicidade nunca a alcança. E por quê? Porque confunde felicidade com alegria. A alegria contém a semente da tristeza. Ser alegre não é ser feliz. Ou seja, não devemos buscar a felicidade como se ela estivesse em algum lugar nos esperando, mas vivê-la plenamente, pois ela já se encontra dentro de nós. Quando amamos de verdade (quando amamos incondicionalmente) somos felizes e nada é capaz de abalar essa felicidade.

Tome, portanto, a partir de agora, uma nova atitude perante a vida. Lembrando que atitude é uma postura interior perante algum fato, situação etc. Como vimos, um mesmo ato pode ser vivido a partir de diferentes atitudes. É na atitude que a sua sensibilidade está envolvida. A atitude é uma maneira de ser. A atitude define se nosso sentimento vem de Deus ou do ego. A atitude manifesta a intencionalidade por trás de qualquer ato exterior.
Em suma, os atos podem ser descritos, mas a atitude só pode ser compreendida.
E isso acontece para aprendermos a não julgar o outro, uma vez que nunca sabemos com que intencionalidade (atitude) o ato foi vivido. Temos que aprender a julgar e transformar as nossas atitudes e não as dos outros, libertando-nos das atitudes egocêntricas e vivenciando nossas ações no mundo a partir de atitudes amorosas.

Lembremos que apenas Deus é capaz de compreender o outro e seus motivos interiores, pois, na essência de tudo, a relação é sempre entre cada um de nós e Deus.
O carma só existe nos mundos de provas e expiações. Vencê-lo, amando e sendo feliz incondicionalmente, capacita-nos para viver aventuras diferentes nos mundos regenerados.

Texto canalizado na ONG Círculo de São Francisco São Carlos/SP – 21/07/2006.

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