quarta-feira, 29 de junho de 2011

RITUAIS SAGRADOS: SEGREDO OU MATÉRIA POPULAR?

Disponibilidade de material estudantil ou acadêmico no mundo do candomblé é um predicado formidável, mas, ao mesmo tempo paradoxal. Há muito vem se aventando essa questão. As basilares heterogeneidades ideológicas da teologia Yorubá, se compreendem entre dois públicos díspares: os velhos e os novos.

Há quem diga que o candomblé tradicional não se adapta com os novos conceitos, no que se refere aos estudos de respectiva doutrina. Por outro lado, pessoas que sentem vontade de descobrir seus segredos, defendem a idéia sobreposta ao argumento. Esse conflito de pensamentos é o fator gerador da principal indagação desta matéria: “Rituais Sagrados: Segredo ou Matéria Popular?”.

Pierre Edouard Leopold Verger, mais conhecido como Pierre Verger, ou ainda, Fatumbi é considerado um dos ícones do candomblé. Também escritor e pesquisador, relatou diversos acontecimentos de respectiva religião, utilizando-se de artifícios artísticos e acadêmicos. Em uma de suas obras, Verger relata sobre os rituais sagrados existentes no candomblé. Relatos estes ricos em detalhes que mostram alguns procedimentos sacros da religião.

Sim! Isso aconteceu no século XX, mas, seria injusto afirmar que ele fez mal.

A realidade do candomblé estudantil é uma: a precariedade dos materiais. Logicamente, não podemos negar que, existem materiais muito bons sobre o candomblé, como Lulla Oliveira (Luiz Carlos de Oxalá – fundador da Leqashy) inclusive de pesquisadores de outros países, como William Bascon.

Verger se manteve como ícone porque ele fez parte da história do candomblé, relatando tanto os procedimentos quanto algumas teorias. Não só literatura, Verger conseguiu com que suas obras virassem documentos, e, não exagerando – históricos, pois, o candomblé é de matriz africana; toda via – religião genuinamente brasileira.

Em nosso diálogo (Brad e Irani) – vimos uma mulher que escreveu em um livreco sobre os rituais da iniciação no candomblé. Não seria tão ruim se ela não mostrasse de cara os procedimentos como se fosse uma “receita de bolo”.

Não! Não é ruim escrever sobre, mas, profanar o que é sacro sim! Isso é mau!

Tivemos ai, mais um exemplo de diferença entre MODERNIDADE X DESRESPEITO.

O candomblé é uma religião – cuja filosofia se mantém profunda graças a certas passagens que se mantém em segredo.

É importante divulgar, estudar, saber? Sim! É muito importante! Nós aconselhamos estudar muito sobre o candomblé, mas, sempre saber separar o que é sacro e o que é profano. Nem tudo pode ser publicado.

Iwa, Abá, Asé!

Brad Pághanni

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