sábado, 22 de janeiro de 2011

VIOLÊNCIA X ESPIRITUALIDADE

Como escrever sobre Violência X Espiritualidade sem parecer piegas? Como entrar na questão dos jovens que foram presos por roubar e espancar uma doméstica no Rio de Janeiro sem me tornar apenas um dos tantos moralistas que usam estes momentos para gritar altos brados sobre a falência dos valores? É complicado, muito difícil tratar de um tema tão atual e, ao mesmo tempo, que assola a humanidade há tantos séculos sem uma solução aparente.

A violência está inerentemente associada à falta de espiritualidade. Não falo de pessoas que dizem ser de tal religião, ou seguir aquele líder espiritual. Estou falando de homens e mulheres que realmente levam ao pé da letra a alcunha de "ser religioso".

Todas as religiões positivas, ou seja, aquelas que têm um Deus (ou um dos seus vários nomes como Olorum, Nzambi, Jeová, Alah, Brahman, etc), pregam que o encontro com a deidade se dá através do amor, caridade, perdão e mansídão, entre outros atributos. Por mais que muitos líderes religiosos digam o contrário, é simplesmente impossível juntar a violência, em todos os seus graus, com o contato com o divino.

As crenças religiosas partem do pressuposto de existir um Deus supremo que é Amor. Essa palavra pode ser considerada a síntese de todo pensamento religioso compilado em centenas de páginas de um livro sagrado. Desde o início das escrituras, tudo aponta para o amor como "o Caminho, a Verdade e a Vida". Camões já dizia:

"Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?"

Sendo o amor o sentimento mais nobre que alguém pode sentir por outra pessoa(religiosamente falando), será que a violência é compatível com a religiosidade?

A violência acompanha a humanidade desde a sua criação. Na simbologia bíblica, Caim mata Abel por ciúmes. Na gênese humana na terra de Helena Petrovna Blavatsky, vemos que a humanidade decai o seu nível vibracional e se distancia da divindade a partir do momento em que começamos a brigar entre nós mesmos pelas mais diversas bobagens.

Desde tempos imemoriais, a violência nos afasta de Deus, pois algo que é "amor" não pode chegar perto de seres que geram apenas ódio e maldade.

E onde está a falha? Nunca foi tão fácil para o homem conhecer as religiões e, principalmente, crer. Cientistas renomados tornam pública sua condição de homens religiosos. Áreas como a física, antes tão distanciada da religião como Plutão é do Sol, hoje caminha de mãos dadas com esotéricos, filósofos, magos e bruxos, unindo duas pontas do pensamento humano que pareciam irreconciliáveis há cerca de quarenta anos atrás.

Mas existe um grande abismo entre ter uma religião e colocar em prática os seus ensinamentos. Pudera, existem tantas distorções nos dias de hoje que fica complicado para a juventude, acostumada a ter tudo mastigado em seus mãos, saber como agir.

Não é o caso de achar culpados, mas sim os fatores que levaram a essa decadência moral. Em primeiro lugar, creio que não existem mais modelos a serem seguidos. Os heróis de hoje em dia são artistas, jogadores de futebol e homens e mulheres de conduta, na maioria dos casos, não ética. Nos meios de comunicação, somos compelidos, diariamente, a valorar as outras pessoas não por suas atitudes ou atos, mas sim pelo que elas vestem, comem ou dirigem.

Essa geração de agora está aconstumada a aprender as coisas numa velocidade muito maior do que nossos avós. Na imensa maioria dos casos, um jovem médio atual já esteve em contato com uma quantidade muito maior de informações nos seus vinte, vinte e cinco anos, do que nossos avós tiveram em toda sua vida.

E essa quantidade enorme de informações dá poder, mas não responsabilidade aos jovens. Muitos acreditam estar acima da lei (até porque vêem diariamente os mais diversos crimes sendo tratados com descaso pelas autoridades brasileiras). Nas casas, existe uma grande conivência por parte dos pais, que acreditam que é o tempo, e não eles, que vai moldar o caráter dos seus filhos.

Essa soma de fatores cria uma geração alienada, sem procupações com o futuro e muito menos pelas outras pessoas e/ou seres vivos deste planeta. E são justamente esses jovens que estão assumindo o comando. Como esperar mudanças quando os agentes dessas alterações estão mais preocupados com a festa da moda, o carro mais veloz, a roupa mais bacana do que com o bem estar de todo um planeta.

Devemos generalizar e jogar a culpa por tudo que acontece em cima dessa juventude? Claro que não, mas é preocupante pensar que uma grande parte dessa parcela populacional que deve lutar pelos direitos e bem estar de todos nos próximos anos não quer assumir a sua responsabilidade.

E o Plano Espiritual? Onde ele está? Aguardando o primeiro passo ser dado por nós. As entidades do plano astral respeitam o nosso livre arbítrio e se optarmos por morrer, isso vai ser respeitado. Caboclos, pretos velhos, crianças, o Espírito Santo, Espíritos de Luz, avatares esperam ansiosamente por um passo inicial que deve ser dado pela humanidade.

E isso pode acontecer a partir dos novos pais de hoje, incutindo em seus filhos, acima de uma religião, atitudes condizentes com um ser humano, não com um animal. Ensinar a não roubar, não mentir, não matar, não bater e, principalmente, a amar, é um primeiro passo.

Desde que tive a minha primeira filha, há cerca de nove meses, eu e minha esposa temos um ritual diário.Antes de dormir, vamos para o quarto com a nossa filha e conversamos com Deus. Acima de orar um pai nosso, ave-maria ou qualquer oração decorada, queremos incutir dentro da nossa Helena a curiosidade: quem é esse "pai" que a gente conversa tanto, expõe nossos problemas, pedidos conselhos e deixamos em suas mãos muitas de nossa decisões?

Queremos que ela se torne uma beata religiosa? Não, apenas temos em mente que ela deve saber que existe, sim, um ser superior à todos nós, que nos ama e, em sua imensidão de sabedoria e paz, se entristece quando agimos não como filhos, mas sim como animais irracionais.

Não queremos incutir uma noção de medo, mas sim de respeito. Por Deus em si e também pelos outros seres vivos deste planeta. Nesse momento, e por mais alguns anos adiante, eu e minha esposa seremos o modelos nos quais a nossa filha vai se inspirar para moldar a própria personalidade. Se dermos o exemplo de sermos seres superiores, sem rivais neste mundo, estaremos moldando uma criança problema. Agora, quando nos colocamos em posição de humildade, conversando com alguém que não está materialmente no quarto, e pedindo perdão pelos erros e sabedoria para agir diariamente, aí sim, vamos ter uma filha que vai nos dar alegrias

Isso é apenas um exemplo do que pode ser feito. Existem pessoas que não rezam, seja por falta de fé ou costume, mas que dão exemplos de amor e humildade que suprem essa necessidade de limites. Por outro lado, pseudo-religiosos se escondem atrás de mantos de intocabilidade e ensinam aos seus filhos que podem fazer tudo o que quiserem, pois o mundo é, literalmente, deles.

O principal ensinamento das religiões é a humildade, que nos mostra que não somos superiores há ninguém. E, se não nos acharmos acima do bem e do mal, fica mais fácil controlar os nossos instintos mais "animalizados".

Rafael Limberger
radialista, mestre em Reiki e integrante do Movimento Umbandista

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