Os que conhecem Umbanda sabem muito bem que, ao se tentar
formar um grupo ou Terreiro, relevando-se os preceitos, uma das
partes mais importantes é exatamente essa do desenvolvimento dos
médiuns porque, se bem entendermos, serão eles os responsáveis, hoje
ou mais tarde, pela boa realização dos trabalhos.
Qualquer Chefe tem, quase que por obrigação ter, entre as
Giras de Terreiro, no mínimo (dentro do que acho lógico já que ativar
a mediunidade é uma questão muito mais de treinamento que de outras coisas)
algumas Sessões por mês, ainda que elas sejam realizadas em horário anterior às Giras de atendimento e no mesmo dia, mandando-se embora depois os médiuns iniciantes.
Essas Giras devem ser separadas das Giras normais pelo fato
de que, se assim não forem, estarmos nos arriscando a jogar os
iniciantes às feras. Em outras palavras: médiuns em desenvolvimento
jamais deveriam participar efetivamente, até que conseguissem
incorporações realmente positivas, das Giras de Trabalho, sob o risco
de, além de se exporem desnecessariamente, acabarem por enfraquecer
a Corrente (Egrégora) nessas Giras.
O medo normal que acompanha a muitos, a insegurança que
acompanha a outros tantos, a empolgação que acompanha os demais,
devem ser emoções contidas, se é que se pretende um grupo
mediúnico forte e coeso no final pois, como já vimos, cada uma dessas
emoções pode colocar uma boa Corrente a se perder o(s) elo(s) mais fraco.
Além disso, médiuns em desenvolvimento, normalmente estão
mais propensos, por não terem a guarda firmada convenientemente,a "chuparem" energia de baixo teor vibratório (abundante em gira publica)e não raramente passarem mal com isso...
E lá se vai a corrente mais uma vez!
A importância de um treinamento mediúnico bem orientado é
tão grande que podemos compará-la, ainda que grosseiramente, aos
treinamentos que são usados em Clubes de futebol.
Nos Clubes sempre são mantidas escolinhas que visam, no
futuro, a forjar grandes craques que comporão o time principal. Os
jogadores de escolinhas, iniciantes, a não ser em casos muito
especiais, quando estão totalmente preparados, não jogarão no time
principal.
Se o técnico "maluco" do time principal começar a enxertar sua equipe com aqueles que ainda não têm nível técnico para tal, o que vai acontecer?
Deu pra entender? Acontece da mesma forma nas Giras!
Alguns poderão tentar dizer que os iniciantes podem ficar nas
Giras como auxiliares (cambonos) e que isso não os atrapalharia nem
ao Terreiro.
Ledo engano, meu caro. O que pode acontecer e acontece na
maioria das vezes é o fato de que, desde o começo de seu
desenvolvimento esses médiuns estarão em contato maior (por falta de treinamento e conhecimento) nessas Giras, com Exus, kiumbas e
afins, provenientes não só de trabalhos a serem realizados para pessoas
da assistência como também de Giras específicas o que, fatalmente,
num futuro bem próximo, fará com que eles acabem "recebendo"
todos os Exus e Pombas Giras do mundo e tenham dificuldades para
receberem seus fiéis e esquecidos GUIAS VERDADEIROS.
Ah, mas isso não é regra porque muitos começaram como cambonos...
Toda regra tem exceções, não é certo?
Dirigir bêbado nem sempre causa acidentes e muitos bêbados
talvez nunca tenham sofrido um, mas que o risco é forte e eminente,
não tenha a menor dúvida!
Aproveitando o que já falamos acima sobre indução, vamos
sugerir que você experimente uma técnica que serve muito bem para
auxiliar médiuns em desenvolvimento, sempre levando em conta que essas Giras deveriam buscar as maiores e melhores vibrações para esses
médiuns, na busca pelos seus verdadeiros GUIAS.
Em suas próximas giras de desenvolvimento, que deverão ser
freqüentadas também pelos médiuns considerados prontos, depois de
preparado o Terreiro da melhor forma possível, crie dois semicírculos
humanos: um composto pelos médiuns em desenvolvimento e, por
fora deste, um outro composto pelos médiuns considerados prontos,
fechando o círculo com o Congá (mesmo que não o toquem).
Peça a todos muita concentração e aos médiuns prontos que
não dêem passagem, mesmo em caso de sentirem a presença de seus protetores.
Seria muito bom que o Chefe da Gira de Desenvolvimento
tivesse sensibilidade suficiente para ir percebendo que tipos de
entidades estão se achegando nesse momento. Se assim acontecer,
com certeza saberá "puxar" os pontos mais adequados para cada
momento que vier.
Cito isso porque, em determinado momento o médium desenvolvedor chefe poderia perceber que, no meio daquelas entidades que ali estão, existe um Caboclo Pena Branca, por exemplo.
Nesse caso, mesmo sem avisar ao médium forçaria a "puxada" de pontos referentes a esta falange e, como conseqüência, se estiver certo, verá o médium que o incorpora se destacar dos demais em atitudes, dança ou qualquer outra coisa mais. Se isso acontecer da maneira descrita o médium
desenvolvedor já saberá que o médium tal traz consigo um caboclo dessa falange com certeza.
Quando o médium, mesmo em desenvolvimento, tem condições de "dar boa incorporação", a própria entidade se apresenta da melhor forma possível; quando não, caberá ao chefe de desenvolvimento ir anotando e percebendo as diferenças até mesmo de energias que acompanham a entidade ou entidades que não pertençam às falanges chamadas, estando sempre em estado de alerta.
do livro:Umbanda sem Medo III
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