É comum o assunto sincretismo.
Parece que é uma coisa simples e na verdade até é, entretanto, em função das diversas condições, tanto culturais quanto doutrinárias, regionais e, até mesmo, sociológicas, os sincre¬tismos acabam mudando de região para região e de doutrina para doutrina.
Precisamos saber também exatamente o que é SINCRETISMO.
Entre outras definições o Dicionário Houaiss dá estas duas como referência:
- fusão de diferentes cultos ou dou¬trinas religiosas, com reinterpretação de seus elementos;
- fusão de elementos culturais diversos, ou de culturas distintas ou de diferentes sistemas sociais.
Podemos então inferir do que foi descrito acima que Sincretismo religioso é a associação de valores espirituais de uma determinada religião com os valores espirituais de outra determinada religião.
A Umbanda é profundamente sincrética, pois, ao se amalgamar, se fazer como religião, ou mesmo ser identificada, já o fez num ambiente sin¬crético e sob estas condições.
Entretanto faz-se mister lembrar que o sincretismo associa, mas não funde.
O Sincretismo nasceu da necessidade dos negros africa¬nos cultuarem os seus ícones religiosos sob a opressão do homem e de sua religião branca.
Não se pode negar também um grande sincretismo entre as próprias percepções africanas em função de que nos embarques dos negros escravos para o Brasil não era considerado por seu algozes quais seus ícones específicos tribais e para que houvesse um mínimo de entendimento eles foram obrigados a associar também visões religiosas de suas etnias, muitas completamente díspares e até divergentes no que concerne às suas Divindades.
O sincretismo, portanto, é uma percepção e não um fundamento.
Há sincretismos bastante conhecidos e já consagrados, outros nem tanto.
Podemos exemplificar que para um mesmo Orixá, Divindade de etnia Yorubana, definida no Brasil como Keto ou Nagô, podem haver mais de um sincretismo, senão vejamos:
Ogum – Sincretizado com S.Jorge, principalmente no Rio de Janeiro e Sudeste do país, com uma tendência muito grande a ser generalizado no resto do pais.
Mas não é incomum vê-lo sincretizado com S. Sebastião e até mesmo S.Antonio.
Oxum e Iemanjá – Como Iyabás que são, são sincretizadas com as diversas formas de N. Senhora, entretanto, dependendo da região onde se dá o culto, tanto uma como outra Orixá são sincretizadas com a mesma visão da santa. Oxum no Rio de Janeiro é muito comum ser conhecida como N. Senhora da Conceição, já em Recife, N. Senhora da Conceição é sincretizada com Yemanjá. Assim como N. Senhora do Carmo em alguns estados é também Yemanjá, mas em outros, ao menos, é conhecida ou venerada de uma forma mais comum.
Iansã é um outro exemplo muito bom.
Inicialmente sincretizada com Santa Bárbara, mas também pode estar ligada sincreticamente a Joana D’Arc.
Existem ainda os casos dos Orixás Meji (duplos), como Omolu e Obaluayê que são as formas velha e nova de Xapanã que nem ao menos Orixá era.
Xapanã é Vodum, Divindade do panteão de Etnia Jeje que, também sincréticamente passa a ser adotado como Orixá pela cultura Nagô, da mesma forma que Nanã e Oxumaré.
Talvez pela própria aparência dos santos católicos que lhes fornecem a razão sincrética, Omolu, o velho, é sincretizado (normalmente) com S. Lázaro e Obaluayê, o mais novo, com S. Roque.
O sincretismo se faz entre Divindades, assim, não há sincretismo entre as Entidades, tais como Caboclos, Pretos-Velhos ou Crianças, ainda que seja comum vermos Pais Franciscos, Antonios, Ciprianos e tantos outros, mas que nada têm de sincrético com os santos de mesmo nome.
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