O Espiritismo tem por divisa fora da caridade não há salvação, o que equivale dizer que fora da caridade não há verdadeiro espírita.
"A caridade é a pedra angular de todo edifício social, sem ela o homem construirá sobre areia". Allan Kardec.
Uma só alma que se perdesse e Deus teria falhado em seus objetivos, por mais longe que nos levem nossos desatinos, ainda sim permaneceremos nos domínios de Deus, por isso, quando Allan Kardec emprega o termo salvação isso não significa que estejamos perdidos, e sim que jamais desfrutaremos de conforto e paz enquanto não nos ajustarmos às leis divinas, dentre as quais destacaríamos a lei do amor, que preconiza um desprendimento total de nós mesmos para uma comunhão total com Deus, a meta suprema de nossos corações, a caridade é o caminho, na medida em que para sermos caridosos somos obrigados a esquercemos um pouco de nós mesmos, começamos a caminhar.
Quanto ao termo caridade, sem que se penetre no seu sentido mais amplo e nobre, imagina-se que ser caridoso seja dar uma contribuição mensal à obras assistenciais ou estender alguns trocados ao necessitado que nos procura na rua, mas isso não é caridade, é mero dever de quem vive em sociedade, sem amparo a pobreza teremos a miséria total que gera pertubadores desequílibrios em qualquer comunidade, estender alguns trocados ao necessitado que nos procura na rua é mera esmola, a maneira mais fácil de nos livrarmos do importuno.
A caridade é algo de muito mais amplo e complexo, diríamos de que não se trata de um comportamento para determinadas situações, e sim de uma atitude perante a vida.
A Dinâmica da Caridade
As quatro angulações da caridade são:
1) Caridade perante a Família:
A caridade, diz a sabedoria popular, começa em casa.
"Se o próximo é o nosso caminho para Deus, não podemos esquecer que o próximo mais próximo é aquele que permanece sob o mesmo teto.
André Luiz.
Talvez seja essa a caridade mais difícil. Fora do lar há o verniz social, o conjunto de normas e comportamentos que regem nossas ações, na vida em sociedade com um pouco de disciplina podemos ensaiar relativa dignidade. No lar, entretanto, não há o verniz social, damos livre curso ao que somos e as tendências. Pensamos geralmente nos deveres dos familiares para conosco, raramente dos nossos deveres em relação a eles. Onde todos pensam em direitos, mas não cogitam de deveres, os resultados não são satisfatórios, temos aí a origem dos desajustes familiares.
A caridade perante a família se manifesta na forma de um exercício para todos os dias, onde as principais disciplinas são:
- Perdão: treino da compreensão sem o vinagre da crítica.
- Atenção: treino do diálogo, escutar/ouvir.
- Tolerância: treino da aceitação.
- Respeito: treino da educação, auto-educação, disciplina das emoções.
- Renúncia: treino da doação. Transmitir e demonstrar o amor. Renunciar as briga, as discussões, ao mau-humor, a cara amarrada com que pretendemos castigar os familiares quando não fazem o que desejamos.
2) Caridade perante a Comunidade:
O homem é um ser eminentemente social, criado para conviver com seres da mesma espécie, o seu próprio crescimento moral/intelectual/espiritual depende dessa convivência. Desde o momento que despertamos para a atividade diária ao momento que retornamos ao leito para o repouso noturno, dependemos de muita gente (alfaiate, frentista, motorista do coletivo, produtores do campo, entre centenas de outras pessoas). Somos todos interdependentes. A caridade perante a comunidade começa quando ultrapassando os limites da remuneração buscamos espontaneamente fazer algo mais em beneficio do bem-estar coletivo.
Temos que ultrapassar as barreiras do individualismo, e pequenas atitudes bastam: dando uma cota mais efetiva de participação no ambiente de trabalho, ajudando o colega com serviços sobrecarregados, preservar a ordem e a limpeza no logradouro público, atender aos apelos dos trabalhadores comunitários, ligar pro setor público competente avisando de que existem estragos no asfalto, encanamento, postes, etc. A abnegação é fundamental!
Esta caridade resume-se na ação em favor da resolução de problemas comunitários, que afetam a todos uma parcela.
E quem nos paga?
É Deus.
3) Caridade perante o Necessitado:
Ação do bem para com aqueles marginalizados do convívio social, pela miséria, pela doença, pelo desemprego, pelo vício, pelo crime cometido no passado. Mãos servindo, mãos trabalhando em benefício do próximo resume esta angulação. Há muito sofrimento, muita fome, muitas lágrimas a enxugar, muita, mas muita gente mesmo precisando de nós, e o tempo para semearmos o bem é hoje, é o agora, a oportunidade que temos é o presente.
4) Caridade perante Nós Mesmos:
“Mestre, qual o maior ensinamento de Deus? Amar o seu próximo de todo coração, de toda a sua alma [...] amarás teu próximo como a ti mesmo.”
Amando o próximo estaremos ao mesmo tempo amando a Deus, devemos amá-los como a nós mesmos, talvez seja esta a razão pela qual não amamos o próximo, é que não amamos a nós mesmos.
Não se comprometer no vício e na rebeldia, não agir na indisciplina quando a vida não atende aos nossos interesses.
Esta é a caridade para com nosso corpo/espírito.
Corpo: cuidados para com a nossa própria conservação; alimentação, conhecer o funcionamento elementar do nosso corpo visando um maior cuidado, repouso na hora certa, dieta, exercícios físicos e respiratórios, cuidados mais íntimos de higiene.
Espírito: desenvolvimento da inteligência emocional, autodisciplina, vigilância sob os pensamentos e sentimentos, busca dos valores que nos acompanharão para sempre, a cultura, o conhecimento, a moral.
Acima estão dispostos pequenos trechos da palestra de Richard Simonetti.
Palestra A Dinâmica da Caridade
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