Ninguém deverá forçar o desenvolvimento dessa ou daquela faculdade, porque, nesse terreno, toda a espontaneidade é necessária; observando-se, contudo, a floração mediúnica espontânea, nas expressões mais simples, deve-se aceitar o evento com as melhores disposições de trabalho e boa-vontade, seja essa possibilidade psíquica a mais humilde de todas.
A mediunidade não deve ser fruto de precipitação nesse ou naquele setor da atividade doutrinária, porquanto, em tal assunto, toda a espontaneidade é indispensável, considerando-se que as tarefas mediúnicas são dirigidas pelos mentores do plano espiritual.
Alguns médiuns parecem sofrer com os fenômenos da incorporação, enquanto outros manifestam o mesmo fenômeno, naturalmente.
Nas expressões de mediunismo existem características inerentes a cada intermediário entre os homens e os desencarnados; entretanto, a falta de naturalidade do aparelho mediúnico, no instante de exercer suas faculdades, é quase sempre resultante da falta de educação psíquica.
DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO
Tentando definir a mediunidade, podemos ainda interpretá-la como sendo a capacidade de fazer-se alguém intermediário entre pessoas e regiões distintas. E assim como existem agentes de variada espécie para variados assuntos da vida humana, temos medianeiros de especialidades múltiplas para a vida espiritual.
lnformados hoje de que a morte física não expressa sublimação, não podemos assim admitir que o desenvolvimento das faculdades psíquicas constitua, só por si, credencial de superioridade.
Daí, o imperativo de fixarmos no aprimoramento pessoal a condição primária do êxito em qualquer tarefa de intercâmbio.
* Aqui, encontramos clarividentes notáveis
* e além somos defrontados por excelentes médiuns falantes, mas se aquele que vê não possui discernimento para o esforço de seleção e se aquele que se faz portador do verbo não consegue auxiliar a obra de esclarecimento construtivo, o trabalho de transmissão sofre naturalmente consideráveis prejuízos, desajudando ao invés de ajudar.
Nesse sentido, somos obrigados a reconhecer que o espírito do Cristianismo jamais foi alterado, em sua pureza essencial, mas os representantes ou medianeiros dele, no curso dos séculos, impuseram-lhe cultos, interpretações, aspectos e atividades, simplesmente artificiais.
O médium de agora deve exprimir-se em mais altos níveis.
Acham-se, frente a frente, os dois grandes grupos da Humanidade — encarnados e desencarnados — e, em ambos, persistem os “altos e baixos” do mundo moral...
Se o intermediário entre eles não se aperfeiçoa, convenientemente, permanece na posição do aprendiz retardado, por tempo indefinível, nas letras iniciantes, quando lhe constitui obrigação avançar sempre, na direção da sabedoria.
*O artista é o representante da música.
*O violino é o instrumento.
Mas se o violino aparece irremediavelmente desajustado, como revelar-se o portador da melodia?
* A força elétrica é o reservatório de poder.
* A lâmpada é o recipiente da manifestação luminosa.
Mas se a lâmpada estiver quebrada, como aproveitar a energia para expulsar as trevas?
*
*O benfeitor espiritual é o mensageiro da perfeição e da beleza.
* O homem é o veículo de sua presença e intervenção.
Todavia, se o homem está mergulhado no desespero ou no desalento, na indisciplina ou no abuso, como desempenhar a função de refletor dos emissários divinos?
Há muita gente que se reporta ao automatismo e à inconsciência nos estudos da mediunidade, perfeitamente cabíveis no círculo dos fenômenos. Não podemos olvidar, entretanto, que o serviço de elevação exige:
* esforço e boa-vontade,
* vigilância e compreensão daquele que o executa, a fim de que a tarefa espiritual se sustente em vôo ascensional para os cimos da vida.
Por esse motivo, quem se disponha a cooperar em semelhante ministério, precisará buscar no bem a sua própria razão de ser.
Amando, arrancamos no caminho as mais belas notas de simpatia e fraternidade, que constituem vibrações positivas de auxílio e apoio, na edificação que nos compete efetuar.
A bondade e o entendimento para com todos representam o roteiro único para crescermos em aprimoramento dos dons psíquicos de que somos portadores, de modo a assimilarmos as correntes santificantes dos planos superiores, em marcha para a consciência cósmica.
* Não há bom médium, sem homem bom.
* Não há manifestação de grandeza do Céu, no mundo, sem grandes almas encarnadas na Terra.
Em razão disso, acreditamos que só existe verdadeiro e proveitoso desenvolvimento psíquico, se estamos aprendendo a estudar e servir.
* não é o mundo espiritual que deve descer para o homem
* e sim o homem que precisa elevar-se ao encontro dele.
E semelhante ascensão não será simples serviço da mediunidade espetacular. É obra de sublimação interior, gradativa e constante, sobre os alicerces do bem, ao alcance de todos.
As portas do tesouro psíquico estão vigiadas com segurança.
A direção de uma central elétrica não pode ser confiada às frágeis mãos de um menino.
Como conferir, de improviso, ao primeiro candidato à prosperidade mediúnica a chave dos interesses fundamentais e particulares de milhões de almas, colocadas nos mais variados planos da escada evolutiva?
Naturalmente que as grandes responsabilidades não são inacessíveis, mas a criança precisa crescer para integrar-se em serviços complexos; e o colaborador iniciante, em qualquer realização, necessita do tempo e do esforço a fim de converter-se em auxiliar prestimoso.
Nos problemas de intercâmbio com a Esfera Superior, desse modo, antes do progresso medianímico, há que considerar o aprimoramento da personalidade para melhor ajustar-se à obra de perfeição geral.
* O grande rio, sem leito adequado, ao invés de correr, beneficiando a paisagem, encharca o solo, transformando-o em pântano letal.
* A ponte quebradiça não suporta a passagem das máquinas de grande porte.
A mediunidade, como recurso de influenciar para o bem, não se manifesta sem instrumento próprio.
* Só o grande amor pode compreender as necessidades de todos.
* Só a grande boa-vontade pode trabalhar e aprender incessantemente para servir sem distinção.
Antes de nos mediunizarmos, amemos e eduquemo-nos. Somente assim receberemos das ordenações de mais alto o verdadeiro poder de ajudar.
Emmanuel .
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