quarta-feira, 19 de agosto de 2009

AÇÃO E REAÇÃO KÁRMICA: A VISÃO DA UMBANDA

As Leis de Causa e Efeito têm sido muitas vezes mal interpretadas em muitos setores filo-religiosos.
Alguns condicionam todas as graças ou infortúnios aos atos de divindades.
Outros acreditam que recebemos nossos sucessos ou dificuldades como prêmios ou castigos por nossas ações passadas, sentindo suas reações de maneira semelhante à Lei de Talião.

Há também os que atribuem ao acaso os eventos que vivenciamos, estes provavelmente encontram-se mais longe de expressar a realidade, levando-se em conta a recentemente desenvolvida teoria do Caos.
Enfim, o homem vem tentando compreender as diferenças existentes entre as pessoas, de onde vem a sorte ou o azar, a relação entre destino e livre-arbítrio, sua origem e seu objetivo.
A Umbanda permite todas a formas de compreensão destes fenômenos, conforme o entendimento individual, mas orienta para uma gradual compreensão da responsabilidade de cada um no seu destino.

Em linhas gerais, não podemos aceitar que as doenças que sofremos, as perdas que temos de suportar, as desigualdades sociais sejam todos obra do acaso; tampouco queremos crer que sejamos apenas bonecos do destino, submetidos à vontade de um ou vários deuses.
Acreditamos no poder do livre arbítrio, na capacidade que temos de escolher o caminho a seguir; entretanto, nem sempre as coisas acontecem como planejamos.

O que é isto que parece estar acima da nossa vontade e que nos influencia, como podemos controlar estas variáveis fora de nosso alcance?

Certamente, estamos submetidos a forças determinadas por um contexto no qual estamos inseridos, seja em nossa família, no bairro, no país ou no planeta.
Tudo o que acontece em nossa vida, na sucessão de ações e reações ao longo do tempo, é consequência de um processo no qual estamos sempre intimamente envolvidos, como indivíduos isolados ou como integrantes de uma sociedade na qual sustentamos uma posição de maior ou menor responsabilidade, uns sobre os outros.
Assim, pode-se dizer que cada um de nós possui um karma individual e um karma coletivo, este último subdivide-se em níveis correspondentes a grupos cada vez maiores, desde a família de casa até o karma de todo universo astral.

A questão fundamental para a compreensão do processo do Karma, em qualquer dos seus níveis de atuação, é a de que está diretamente relacionado com o conceito de Evolução.
Esta é a pedra angular para o entendimento de todo o sistema.
Ele não está para nos castigar, nem para nos trazer a experiência do sofrimento, por qualquer motivo que seja, didático ou não.

As leis Divinas apenas garantem que estejamos evoluindo constantemente em todo o Universo, esta evolução dá-se no sentido da Matéria para o Espírito.
Se caminhamos junto com este fluxo evolutivo, não sentiremos nada de negativo, mas se opomos às correntes do rio da vida, então sentimos seu poder vencendo nossa vontade. Ressaltamos que estar em concordância com este fluxo é participar ativamente, caminhando e dando sua própria energia para a formação do mesmo.

Para melhor entendermos este ponto de vista, digamos que caminhemos em uma estrada cujo fim nos conduz à libertação do Karma Constituído.
Se seguirmos em linha reta, com a perseverança de continuar nesta estrada que se nos apresenta como uma subida, iremos bem, sem maiores comprometimentos.

Entretanto, por estarmos com nossa visão embaçada, não enchergamos muito bem a estrada e, para que não nos desviemos do caminho, às margens das estradas são colocadas paredes que delimitam nosso campo de ação (há entidades no Plano Astral especializadas em estabelcer estes limites).
Se não formos cuidadosos e não tatearmos o caminho poderemos nos chocar até violentamente contra as paredes.
Receberemos um impacto de volta na mesma proporção da força que aplicamos no momento do choque, sofrendo seu danos .

Nesta situação podemos ter várias reações dos "viajantes" com olhos baços.
Algum pode julgar-se trancado em um quarto, sentindo-se sufocado, passa a se debater contra a parede sem perceber o caminho, mas deverá se cansar e, aos poucos descobrirá a trilha. Outro, como embriagado, andará cambaleante, em zigue-zague, valendo-se das paredes laterais que ainda lhe "desferem" golpes para se manter no caminho; apesar dos ferimentos as paredes lhe são benéficas.
Um terceiro, já enxergando algo, mas ainda vacilante, tateará levemente seus limites, tornando-os seu corrimão.

A tendência é que aos poucos todos vão enxergando cada vez melhor o caminho, a névoa de seus olhos lentamente se desfaz e mesmo a luminosidade da estrada vai aumentando. À medida que nos estabelecemos em uma rota segura, direcionada ao objetivo proposto, a Lei Kármica faz com que os limites das paredes vão-se alargando e podemos ter uma visão mais ampla de todo o panorama. Precisamente, à largura da estrada delimitada pelas paredes chamamos de livre-arbítrio.

Quanto mais larga a estrada maior o livre arbítrio de seguir pelo meio, pelas laterais, em trajetória retilínea, em curvas, etc.

É claro que quem tem o maior livre arbítrio é quem melhor fará uso dele, pois não se desviará do caminho reto a não ser para ajudar os que estão à beira.
A maioria de nós, que estamos de olhos fechados, achando tudo escuro, precisa realmente de paredes estreitas, para não nos desviarmos muito.
Aos poucos a experiência nos fará mais hábeis e seremos mais livres.

Infelizmente, ainda há os revoltados, que julgam que está tudo errado e querem deter o fluxo e derrubar as paredes. Com o tempo, sentir-se-ão solitários, vazios, sofridos e também se renderão às evidências.

Assim, segundo o que podemos revelar da Tradição de Umbanda no momento, entendemos que o Karma não é uma Lei de punição ou prêmio, que o aperfeiçoamento contínuo é a meta, o sofrimento é uma ilusão decorrente da nossa interpretação dos fatos naturais, as Hierarquias Divinas têm os Guardiães dos Limites que determinam o livre arbítrio relativo segundo a Justiça e executam as reações kármicas; nossa parede mais estreita, nosso maior limitador consciencial é o corpo que apesar de abençoado intrumento é apenas uma etapa a vencer e devemos nos perguntar por que ainda nos demoramos tanto.

Caminhemos...

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