Algumas vezes nos deparamos com questionamentos sobre muitos dos aspectos relacionados aos “espíritos”, sejam eles “Guias” de Umbanda, do kardecismo ou mesmo aos Orixás do Candomblé (entendidos por muitos também como espíritos).
Muitas são as teorias chegando até mesmo a envolver princípios científicos formalizando códigos matemáticos para adentrar num universo desconhecido e apartado do universo espiritual.
Todos os questionamentos poderiam ter respostas objetivas não fossem as vaidades humana que, por questões de confiança entre “mestre” e discípulo ainda não foi conquistada, e os velhos chavões religiosos permanecem...
Mas, na prática religiosa muito poucos são aqueles que conseguem com seus mestres adquirir todo o conhecimento, é no caminhar da vida que a experiência se faz, pois, eis aqui a individualidade, cada um possui seus objetivos e seus aprendizados.
Isso faz parte do “Ser”.
Quando nascemos uterinamente nossa individualidade material é única, mesmo que estejamos agregados a outro corpo, aquele que nos gerou. Porém, trazemos nesse nascimento toda uma estrutura formada por genes, traços familiares que com o tempo de gestação vão se apresentar na formação física do individuo; aí nascemos para a vida independente.
Fora do útero, crescemos e adquirimos personalidade e fazemos uma historia individual, mesmo com todas as convivências sociais que nos cercam; mas, mesmo que venhamos a sofrer influências de tais convivências, nossa individualidade permanece na personalidade que desenvolvemos, pois estamos também atrelados a fatores astrais e espirituais que são as marcas registradas, como uma placa que identifica cada um de nós perante o mundo.
Desta forma transmitimos pelo nosso semblante e de nossas ações todas as virtudes, vicissitudes, vitorias, derrotas, angustias, anseios e saberes.
Isto é vida material.
A marca da nossa individualidade.
No Universo etéreo, onde a vida se desdobra em relação aos conceitos criados pelo homem, uma infinidade de “Seres” coexistem em forma de energia, não em energia medida, mas em energia plasmática.
Neste reino, denominado “reino espiritual” , o etéreo é um ilimitado espaço onde e tempo não existem como fator de existência e sim como fator de equilíbrio, de espera para uma reciclagem (reencarnação) ou encaminhamento e cumprimento de missão, neste caso os Guias. Neste ponto valho-me dos conceitos Nagô quando relativos aos Èguns* (*Égun – palavra que pode definir: Espírito, osso, morto, cadáver), sabendo que Guias – Caboclos, Pretos velho, “Exus” - estão neste patamar de qualificação, independente de suas atribuições ou qualquer outro conceito a eles dados.
Estes Guias, por terem pertencido ao universo dos mortais continuam com suas características e possuidores suas individualidades, sejam pessoais ou culturais quando vivos eram, isso porque, alguns ainda coabitam próximos ao universo material mesmo sendo eles sabedores de suas condições de espíritos.
Podemos observar alguns procedimentos quando se encontram incorporados em médiuns a darem suas consultas; momentos em que utilizam objetos, materiais, cores, roupagens e tudo mais que os faz recordar e conservar suas culturas, mas principalmente suas individualidades como ainda estivessem vivos, além de seguirem uma ordem hierárquica e obediência a um “escalão” superior, (escalão de resgate e regentes nas diversas linhas), por isso são limitados e seu crescimento fica na dependência de “cumprimento de missões” ou mesmo em reencarnações, períodos nos quais se desprendem dos egos de existências terrenas; mas mesmo assim suas individualidades são preservadas para que sejam reconhecidos como espíritos em evolução.
Da mesma forma isso ocorre na vida corpórea, nela, todas as memórias acumuladas durante milhões de anos de desenvolvimento humano, tornam-se memória coletiva de todas as existências anteriores, no entanto, independente de todas as existências o espírito permanece com sua individualidade, porém, muito distante de um cérebro ou corpo primitivo.
Uma das características marcantes nos “Guias” é a cultural, pois, a cultura da ultima reencarnação é a mais marcante diante das condições de existência e, mesmo quando temporariamente estão incorporados, signos e símbolos permanecem anexados nas suas individualidades, e que são acrescidas daqueles que os regem no universo espiritual. Além disso, existem as incorporações a cada um deles, são cantigas, orações e toques de instrumentos criados por estruturas religiosas, que passam a fazer parte na individualidade de cada um e que permanece na “consciência distinta ou consciência individual”.
Portanto, a individualidade é uma constante em todos os “Seres”, sejam materiais ou espirituais.
Uma das grandes questões nas religiões é a não observância nesta questão; dirigentes religiosos apelam para determinadas imposições para que tudo seja aceito conforme suas determinações.
Acham que estão procedendo corretamente quando, no caso da Umbanda e do Candomblé, em iniciarem “seus filhos” em determinados Orixás ou mesmo apontar direções sem mesmo fazerem consultas mais profundas.
Nasce então uma outra questão, a de iniciar um médium erroneamente em um Orixá ou um Guia que nada tem há ver com o individuo.
Ora...! Sabemos que todo o processo de iniciação é feito justamente para dar equilíbrio ao individuo para que o mesmo possa desenvolver trabalhos espirituais. Qual resultado pode ser esperado quando isso acontece?
Logicamente haverá um desequilíbrio, pois afeta a individualidade daquele Ser e, além de afetar materialmente vai também afetar espiritualmente as energias dos Guias ou, no caso do candomblé os Orixás e demais entidades que não irão corresponder, havendo assim um desequilíbrio total afetando também o crescimento daquelas entidades e principalmente provocando uma “briga interna” nos Oris, pois, cada Ori possui seu/sua patrono ou matrona.
A importância da Individualidade vai muito mais além de enredos figurados, vai além dos sentidos humanos ou vontades pessoais, vai além dos valores impostos ou criacionismos alegóricos.
Todos nós possuímos nossas vocações, além delas somos como acreditamos, em cumprimento de uma tarefa, uma missão enquanto aqui estamos, missão essa que foi determinada em um universo do qual denominamos “universo espiritual”.
Assim como estamos aqui para cumprir determinadas tarefas (tarefas individualizadas), “do outro lado” há também aqueles que, para evoluir procuram através de resgates cumprirem tarefas (também individualizadas); e esta é a missão de muitos espíritos, uns mais evoluídos, outros menos. Por isso também a existência de níveis aos quais os chamados Guias pertencem.
As ditas “linhas de atuação” não são mais nem menos que uma divisão de níveis. Na linha dos ditos Exus isso é constante; alguns Éguns pertencentes a esta linha e que estão em níveis de evolução tem a missão de fazer resgates daqueles que estão perdidos; uma forma de ajuda, em colocar no caminho da luz espíritos desgarrados, os conhecidos kiumbas ou mesmo espíritos recém inclusos no universo paralelo.
Porém, igualmente ao lado de cá, o livre arbítrio também funciona do outro lado da vida, nada é imposto, nada é articulado para que aqueles espíritos aceitem ou não, apenas são mostrados os caminhos de um portal, (podemos denominá-lo de portal da regeneração ou de reconhecimento espiritual), e, a cada resgate feito, aquele que o resgatou fica responsável pelo resgatado até o entendimento se fazer.
Por isso muitos dos “Exus” possuem crescimento, diferente de muitos outros que ainda conservam resquícios de vidas totalmente profanas não aceitando determinadas normas do equilíbrio. Estes, desvirtuados, apesar de terem recebido “outra chance” preferiram permanecer nas penumbras fazendo promessas de poder e de resolver todos os problemas terrenos, geralmente promessas mirabolantes com conceitos diabólicos, pois se acham capazes, e a individualidade permanece numa teimosia em não aceitar um resgate permanente para a evolução.
Em qualquer uma das formas de existência, seja terrena ou espiritual a individualidade permanece; podemos observar nas “entidades ou guias” seus comportamentos e suas preferências, suas roupagens e seus hábitos culturais e mesmo que queiramos mudar alguma coisa, esses espíritos, quando incorporados, não aceitam, isso faz parte da individualidade.
Os conceitos criados pelos homens diante ao imensurável universo espiritual fez com que muitas das ditas entidades se afastassem do convívio terreno, desta forma podemos analisar que um preto velho ou um caboclo deixou de incorporar pelas inovações feitas na religião, principalmente na Umbanda...e isso acontece também nos candomblés pelas formas “modernas” de iniciação, pelos novos hábitos adquiridos pelos/as noviços/as com consentimento dos ditos zeladores. Energias plasmáticas e energias elementais possuem suas defesas, são individualidades com características bem definidas, daí surgirem dificuldades em avaliar a que Orixá pertence tal ou tal neófito.
Podemos também observar a individualidade nos Orixás, cada um deles traz consigo suas particularidades, suas cantigas, suas danças, suas roupagens, cores e ferramentas distintas, alimentos de oferendas e em seus brados, e principalmente quando de suas “feituras”. Nenhum deles possui equivalências, são únicos em cada Ori e em seus assentamentos; vem daí a criação das ditas “qualidades” que, confundidas com “caminhos do Orixá”, permanecem de forma constante.
Portanto, tanto nos Orixás de Nação quanto nas Entidades Guias da Umbanda existe um diferencial nos vários caboclos identificados com o mesmo nome, os mesmos pretos velhos, ou os mesmos Orixás de Nação; por isso temos as várias Oxuns, as várias Yansãs, os vários Xangôs e assim por diante.
Da mesma forma temos na Umbanda os vários Caboclos Sete Flecha, e os vários Tupinambás e outros.
O mesmo acontece com a linha de esquerda, como é conhecida. Os Exus e Pombogiras também possuem suas individualidades, são vários Zé Pilintra, são vários outros nomes, porém um é diferente do outro; cada um deles possui suas individualidades, suas historias de vida e suas atribuições determinadas pelos seus resgatadores que agora permanecem num patamar de comando e na administração do universo espiritual.
Atentemo-nos para fatos individuais que poderemos colaborar em muito para as decisões coletivas.
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