terça-feira, 14 de abril de 2009

REFLEXÃO SOBRE A UMBANDA

E como se deve refletir sobre isto! Lembrando velhos tempos, inclusive!
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Houve um tempo em que a Umbanda não tinha líderes, faculdades, conselhos e apenas duas ou três federações que tentavam dar o mínimo de organização e consultoria jurídica aos terreiros filiados, mesmo porque houve, como se sabe, grande perseguição e repressão Estatal aos seus adeptos, assim como os do Candomblé.

Entre as décadas de 1950 - 1970, houve o que chamo, no que pese a perseguição policial, de "Época de Ouro" da Umbanda, onde a religião tinha milhares de adeptos, suas músicas eram ouvidas nas rádios e não raramente podiamos assistir nomes como W.W. da Matta e Silva, Tancredo da Silva Pnto, dentre outros, expondo suas opiniões e pontos de vista em colunas diárias (ou semanais) em jornais e revistas de grande circulação.

A extinta TV TUPI, muitas vezes apontou suas câmeras para as personalidade citadas, assim como sempre abria espaço em sua programação para Chico Xavier e outros baluarte espíritas, sendo que sempre tais programas eram acompanhados de grande audiência.

Na música, tivemos vários artistas, dos quais destaco Ronnie Von e Clara Nunes, que gravaram músicas inspiradas em canções de Terreiro, quando não eram os próprio pontos de Raiz que ganhavam novos arranjos.

No que pese algumas históricas contendas doutrinárias, em especial envolvendo Matta e Silva e Tancredo da Silva Pinto, que trocavam algumas "farpas" não somente através de seus artigos em jornais e revistas, mas também em seus livros, havia uma relativa paz entre os praticantes e ninguém se preocupava por demais com os ritos e doutrinas praticados neste ou naquele Terreiro.

Em geral não haviam grandes Terreiros, com centenas de médiuns, sendo uma exceção à esta regra a Tenda do Caboclo Mirim na cidade do Rio de Janeiro.

Normalmente, as Casas de Culto eram familiares, contando com um pequeno espaço nos fundos da residência do responsável pelo local, com poucos médiuns, onde a caridade era feita de forma simples e desinteressada.

Era muito comum presenciarmos grupos inteiros de umbandistas levando à cabo seus preceitos nas cachoeiras, matas e encruzilhadas, sem temer nenhum tipo de repressão (isto após o Estado Novo e uma certa abertura do Regime Militar) ou discriminação por conta a da sua fé e de seus rituais.

Hoje, infelizmente, tudo mudou.

Se não precisamos mais nos preocupar com a repressão policial, mas com o avanço das igrejas neo-pentecostais que pregam a violência e o desrespeito à fé alheia, temos notícias de tempos em tempos, de Casas de Culto, assim como de Centros Espíritas, sendo invadidos e depredados por aqueles que se auto-intitulam "povo de Deus".

Não há mais segurança para fazermos nossos rituais nos sítios sagrados, visto que corremos o risco de sermos atacados por estes verdadeiros BANDIDOS travestidos de religiosos, que não respeitam o direito das pessoas a pensarem e crerem de forma diferente da deles.

Em termos administrativos, existem centenas de federações, associações, conselhos e toda a sorte de ESPERTALHÕES que decidiram ganhar uns trocados criando tais organizações que, no frigir dos ovos, não fazem absolutamente nada, salvo honrosas e raras exceções, pela religião.

Do outro lado, temos conselhos que não cobram nada de seus associados, mas são usados como meio de propaganda por seus idealizadores, afim de criar uma ponte não somente para disseminação e imposição das idéias dos mesmos mas, principalmente, para alimentar o verdadeiro culto à personalidade do tal "babá".

Hoje em dia, a Umbanda, apesar do discurso hipócrita que vemos por ai, de união, convergência, respeito à diversidade, está dividida em facções. Uns se bandearam para o lado do "Pai X", incluso antigos desafetos e adeptos de cultos outrora identificados por ele como "coisa de kiumba", enquanto outros cerraram fileira com o "Pai Y", que defende com unhas e dentes seu mercado de livros, apostilas e cursos de final-de-semana.

Apesar do discurso defendendo a Umbanda e suas Tradições, de unificação das várias correntes doutrinárias, o que estes dois querem, na verdade, é ganharem uma grana, assim como poder político, nas costas da comunidade umbandista. Para estes dois não existe meio termo: ou se está com eles ou contra. Não é possível ficar neutro.

Se a Umbanda de hoje não mais precisa se preocupar com a perseguição do Estado, está sob o julgo de verdadeiros ABUTRES que querem, de toda feita, dominarem a religião e, com isto, locupletarem-se de todas as maneiras possíveis.

Nenhum grupo ou núcleo familiar umbandista está à salvo desta gente.

Apesar da liberdade que dizem pregar, usam de manipulação psicológica pesada, em especial ADJETIVAR as pessoas de sectárias e etnocentricas, assim como IMPOR sua visão, para impelir aos incautos e/ou de personalidade fraca a cerrar fileira com eles e ser um novo "arauto" de suas idéias e do culto à personalidade do megalômano "babá".

Venho dizendo neste espaço, que a Umbanda, se as coisas continuarem assim e não houver uma reação contudente daqueles que chamo de Não Alinhados, não durará mais uma centena de anos. As contaminações inseridas, a mistura de várias correntes em uma só, incluso as que são antagônicas, estão fazendo com que nasça uma outra religião e sepultando a Sagrada Umbanda.

A questão a ser pensada por todos nós é: o quanto nossas atitudes (ou a falta delas) tem colaborado para este quadro e para a derrocada de nossa Religião e nossas Tradições?

Medite, seriamente, sobre isto.

fonte:vozes de aruanda blogspot

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