terça-feira, 21 de abril de 2009

A PÓLVORA

O chamado ponto-de-fogo, um dos mais utilizados recursos da Umbanda e dos Cultos Africanos, é o efetuado com a pólvora e para finalidades as mais diversas. Seu uso na Magia Negra é bastante difundido e os feiticeiros o utilizam em suas investidas contra seus adversários ou suas vítimas.

A pólvora é também conhecida por fundanga ou tuia e a sua fabricação pode ser caseira ou industrializada. A diferença entre uma e outra é idêntica a dos defumadores ou banhos de ervas colhidas e os comprados em firmas especializadas, isto é, nestas falta-lhes o preparo mágico indispensável e a dosagem exata de seus componentes o que, por vezes, impede seja atingido o fim colimado.

Fundanga é uma expressão de origem kimbundo e seu significado, naquele idioma, é exatamente, pólvora.

Quanto a tuia, ainda que por sua morfologia nos afigure palavra de origem indígena é oriunda do ioruba tuyo que significa expelir, deslocar para fora.

A palavra representativa de pólvora nos idiomas indígenas, somente a fomos encontrar no tupi e é uma palavra arcaica e obsoleta na Umbanda, pois jamais ouvimos sequer um caboclo solicitar mocacui para seus trabalhos, dando preferência, invariavelmente, às expressões de origem africana.

A pólvora é um elemento de Magia ambivalente prestando-se, destarte, à serviços para o Bem e o Mal. É, pois, por sua potência, um dos recursos mais utilizados pelos feiticeiros para o enfeitiçamento de pessoas ou coisas tendo, ainda, o inusitado dom de transmitir ou conferir, a quem quer que seja, todo o poder que sua utilização seja feita com a estrita obediência dos preceitos de Magia e independentemente do fim a que se destina.

Tais fatores, conjugados, nos levam à conclusão de que todos os trabalhos com pólvora exigem uma concentração e precaução extraordinárias. Daí o porquê só devam ser feitas por entidades, na sua quase totalidade Exus, ou quando considerarem oportuno, delegarem poderes a um médium especializado para sua execução.

O primeiro nos impulsiona constantemente para a frente e para o alto nos dá ânimo e pertinácia em todos os nossos passos, nos concede o ardor, a iniciativa, o espírito de luta, a vontade e a capacidade de satisfazer nossos desejos atingindo o objetivo de nossas aspirações mas, em troca, nos oferece a inquietude, a inconstância e o amor às mudanças e novidades, a impulsividade que nos leva a ações inconseqüentes, recolhendo frutos não amadurecidos e perdendo os melhores e mais compensadores resultados de nossos esforços.

O segundo, é aquele que nos tolhe e nos traz desenvolvimento, fazendo-nos introspectivos, nos causa medo e a reflexão, nos leva a cingir-nos e a fixar-nos tanto no erro quanto na verdade, nos hábitos viciosos e virtuosos, nos torna fiéis e perseverantes, firmes em nossa vontade e tenazes esforços, e nos capacita a atrair aquilo para o que estamos interiormente sintonizados pelos nossos pensamentos, convicções e aspirações.

Em contraposição, nos acarreta a desilusão e o discernimento, nos afasta das mudanças e de toda ação irreflexiva, porém, também, de todo progresso, esforço e superação.

Apresenta-nos, agora, o terceiro componente, o carvão, inteiramente distinto dos demais, pois sua propriedade primordial é a fácil absorção dos fluidos de quaisquer naturezas. Assim sendo, todas as emoções astrais são por ele retidas e, por isso, desembaraça os objetos materiais dos fluidos de que se encontram impregnados.

Hermeticamente, o carvão, em seu estado natural é o símbolo da Constância e, em combustão, do Fervor, isto porque, neste estado, consegue dissolver o mais duro dos metais.

O estudo acurado dos elementos componentes da pólvora e da dualidade de suas funções, inerentes a tudo o que existe no Universo, é suficiente ao iniciado para saber onde, quando e como usa-la e, ao Mago, para possibilitar-lhe o conhecimento de seus efeitos malévolos contra indivíduos e coisas, se utilizada no campo da Magia do Mal, assim como aquilatar o poder e os conhecimentos de quem a empregou.

De tudo o que dissemos, deduz-se que a pólvora jamais deve ser queimada dentro de casas ou ambientes fechados e sim, próxima a aberturas, pois o recinto fechado não permite a evaporação das camadas deletérias por ela deslocadas em sua explosão, o que determinará o sobrecarregamento do ambiente de novos resíduos, estes já oriundos de sua ação.

Apesar de ser a pólvora a força máxima pra limpeza, seu uso deve ser restrito a casos da mais absoluta necessidade e, além dos cuidados já arrolados no presente trabalho, sob a responsabilidade do Guia-Chefe ou de seu preposto, com o auxílio, é evidente, das falanges trabalhadoras ou evocadas. Outrossim, jamais poderemos iniciar sua combustão senão com fósforos pelo mão-de-fogo, ou charutos, no caso de entidades incorporadas. Em hipótese alguma utilizaremos a chama de velas para tal fim e, muito menos, isqueiros.

Concluindo, queremos frisar que algumas casas, face aos solertes ataques que são dirigidos à nossa Religião, taxada de primitiva, mercê de seus rituais, vêm abolindo o uso da tuia às vezes até em choque com as instruções emanadas dos Guias.

A estas acometidas podemos antepor o uso dos fogos nas procissões e festas católicas, principalmente nas de São João, Pedro e Antônio e que, em suma, nada mais representam que uma queima, semelhante aos seus efeitos, ao nosso ponto-de-fogo.

Ademais, quando o Astral Inferior que envolve nosso Planeta com suas densas camadas, encontra-se sobrecarregado de cascões, vampiros, magos negros, corpos astrais de animais, formas de pensamento maus, de criação consciente ou inconsciente, artificiais humanos e invólucros vitalizados, estes da mais alta
periculosidade e utilizados nos trabalhos de Vodu, o Alto, em sua Eterna Sabedoria, envia violentos temporais cósmicos, onde os efeitos luminosos da queima da pólvora cumbem, pela eletricidade cósmica, de limpar o ambiente. É claro que tais tormentas, tão bem descritas por André Luiz, chegam até nós sob a forma de cataclismos materiais que, em que pese a violência de que se revestem, nada mais são que meros reflexos dos originais.

Então o fogo produzido pelas descargas elétricas age sobre os componentes da pólvora desanuviando o ar pesado e tenso acumulado durante o longo período que as antecedeu.

A descarga da pólvora que efetivamente nada mais é que um insignificante arremedo, no Microcosmo, dos recursos utilizados pelo Poder Universal com idênticas finalidades, é claro, as enormes proporções que o separam do Macrocosmo.

Ao encerrarmos, voltemos à tecla que jamais cansaremos de acionar: se o irmão não estiver devidamente preparado, se não possuir o axé de mão-de-fogo e, principalmente, se não encontrar previamente autorizado por nossos Grandes Mestres ouça nosso conselho e não se arrisque inutilmente a executar vaidosamente um trabalho de tal monta.

Se o fizer, estará em idêntica situação de um motorista que, ansioso para mostrar sua habilidade e competência, não se peja em pôr em risco não apenas sua vida, mas, o que é mais grave, a de todos que o acompanham em seu veículo. E, se alguma vez sentir-se tentado a faze-lo que, nesta hora, ressoem em seus ouvidos a Curimba de Fogo, a fim de alerta-lo sobre o erro em que incindirá:


Só queima tuia quem pode queimá
Meu ponto é seguro, não deve falhá
Só manda fogo quem pode mandá
Meu ponto é seguro, meu Pai Oxalá

Caso, no entanto, esteja capacitado a faze-lo, que Oxalá o permita, nunca sua mão se aproxime de um ponto-de-fogo com intenções outra as que não a de trazer benefício aos seus semelhantes.
Que sua conduta seja reta, sua fé acendrada e a confiança em seus conhecimentos inabalável.

Que o irmão aprove, sempre em todas as oportunidades, que é um verdadeiro portador do axé de fogo. Sarava!

Por Adalberto Antônio Pernambuco Nogueira (in memoriam)
Presidente da União de Umbanda (Porto Alegre/RS)
Trechos publicados em duas edições no Jornal JOCAB (meados de 1994)

Um comentário:

Anônimo disse...

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