Observamos, no decorrer de anos de trabalhos a fio, nuances preciosos que irão margear bem o que iremos decorrer nessa nossa discussão. Dentro da psiquiatria moderna, iremos encontrar estudos preciosos quanto aos transes religiosos, as visões de espíritos, a crença nas feitiçarias, magias negras, encostos, demônios, etc.
O grande psicanalista suíço, Carl Jung, teorizou que os maus espíritos, ou as figuras aterrorizantes, são imagens gravadas coletivamente na mente humana e foram batizados de arquétipo. Esses arquétipos acompanham a humanidade há milhares de anos.
O diabo é um desses arquétipos, que muitos acreditam incorporar, e representa forças destrutivas dentro da própria pessoa.
Através dessa crença, muitos procuram as religiões para que seja efetuado um “exorcismo”, cuja função seria livrar a pessoa dos maus que a apoquentam, e que esse “exorcismo” puniria o delinqüente que estaria perturbando a pessoa, por mais poderoso que seja.
O apelo ao demônio é forte porque atende a uma grande camada da população que vive imersa na superstição. Em geral, acreditam piamente na força destrutiva da magia negra e das forças ocultas.
O povo acha que o demônio e os espíritos do mal estão por aí, agindo através dos incautos. Jogar a culpa por tudo que há de errado no demônio ou em espíritos do mal é uma solução confortável para quem busca alívio através de cultos religiosos, mas as conseqüências podem ser graves, pois a pessoa sai do culto religioso acreditando que não tem responsabilidade moral pelos erros que comete, e fica convencido de que possui uma personalidade frágil e influenciável.
Tudo isso se aplica também à Umbanda, onde muitos cometem os erros crassos de somente culpar uma pretensa “macumba”, “despacho” ou “mal feito”, encomendado por um desafeto, como fatores conclusivos de suas vidas encontrarem-se em desgraça.
Muitos se entregam ao pensamento obsessivo e conclusivo de perseguições espirituais ou mesmo “demandas” diárias em sua vida. Se convencem e geralmente convencem a outros que são perseguidos por hostes infernais, ou mesmo pessoas que lhe querem mal.
Lembre-se que cada um projeta seu próprio inferno. Com o passar do tempo, cada um constrói um inferno competente em suas vidas e passam a vivenciá-lo de forma efetiva, e com isso, através da lei de afinidades, atraem para si legiões de seres que vibram na mesma faixa de pensamento. Com isso, a vida desse infeliz passa a ser um mar de perturbações, demandas, magias negras e por ai afora, e com certeza vão rapidinho culpar alguém por efetuar as tais “macumbinhas” contra ele.
Criam na mente das pessoas, que geralmente são presas fáceis e manipuláveis, que tudo o que ele tem de ruim em sua vida, foi pelo fato de alguém, por olho gordo, inveja, ou ódio, levantou forças ocultas negras poderosas contra eles, através de matanças de animais, velas pretas, bonequinhos, etc., e que a vida dessas pessoas está no fundo do poço, devido a uma “feitiçaria” encomendada contra elas. Outros ainda se convencem, e convencem as pessoas, que estas são perseguidas por quiumbas, Exús ou Pombas Giras, porque não desenvolveram a sua mediunidade, e que irão entrar para o mundo da perdição enquanto não se livrarem desses encostos. E haja trabalho. E haja dinheiro.
Outra coisa muito corriqueira no meio Umbandista é a crença que tudo de errado que está acontecendo com o “pai de santo” ou com o “terreiro”, é provindo de uma “demanda” encomendada por aqueles que querem destruí-lo. Muitos médiuns e sacerdotes acreditam estarem sendo perseguidos por falanges negras, demônios, quiumbas, Exús e Pombas Gira, que querem transformar suas vidas em miséria.
Vejam bem que a coisa é complicada, e existe uma crença coletiva de que existe essa perseguição das trevas em suas vidas. Mudaram-se os tempos, mas não mudaram as formas e a perseguição continua.
Até quando iremos nos apegar à superstição desse tipo?
Até quando iremos dar atenção às coisas que nos fazem mal?
Existem as forças negras em ação, e isso é patente. Mas o mal foi criado pela mente humana e existe por uma necessidade humana. Deus não criou o bem e o mal. Só o bem é eterno. Não existe essa coisa de luta eterna entre o bem e o mal. Se o mal vence uma situação momentaneamente é porque a pendenga ainda não terminou.
Se alguém, por maldade ou ignorância, nos envia alguma carga negativa e ativa forças negativas poderosas contra nós, só vai dar resultado se nós estivermos na mesma faixa vibratória dessa maldade, ou seja, se estivermos em discordância com as forças positivas reinantes no universo.
Deus não é injusto com ninguém. Ele a tudo vê e a tudo permite. Portanto, tudo o que sofremos, com certeza é por merecimento. Veja que Jesus quando praticava curas, ao final sempre dizia às pessoas:
“Vá e não peques mais”.
Com isso, Jesus já alertava que tudo o que a pessoa tinha, era por merecimento, ou seja, tinha dado abertura para que tal mal a acometesse.
Sabemos que existem “demônios” e que são poderosos, mas estão assentados em poderes vibratórios negativos e comandam forças negativas criadas por condição da mente humana, e quem cair nesses reinos, está em consonância vibratória com os mesmos. É simples: a cada um, segundo seu merecimento.
“A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória, e quem colhe é Deus Pai Todo Poderoso” – disse Jesus.
Agora, acreditar que esses “demônios” estão em luta constante contra Deus, e que estão atuando em nossas vidas por vingança particular, ou querem minha alma imortal, é outra ignorância das leis imutáveis que regem todo o universo. Sabemos da existência de magias negras e feitiçarias, mas essas somente atuarão de forma negativa na vida de alguém, se esse estiver vivendo totalmente em desacordo com as Leis de Deus.
Uma coisa grave observada por nós durante todos esses anos, é a proliferação de “videntes” que por toma lá qualquer coisa, rapidinho vêem aura até em poste na rua. Que absurdo. A vidência é um dom paranormal natural e não tem como desenvolvê-la. Agora, existe muita gente tresloucada e com uma imaginação fértil, se dizendo vidente, e por qualquer coisa, rapidinho dizem estar vendo demandas, espíritos do mal, luzes prá tudo quanto é lado, espíritos com vestimentas exuberantes, fadas, gnomos, demônios horrorendos e por ai afora. Quanta ingenuidade (ou maldade né?). E por essas e outras, acabam por influência de outros, enxergando o que não existe, ou seja: enxergando somente o que suas mentes ou as mentes de outros concebem como verdade. É por isso que prolifera tanta crença na demanda e feitiçarias, todas, invariavelmente “vistas” por um desses falsos videntes.
Então vejam que neste momento, através de mentes desequilibradas, maldosas, muitos que se dizem videntes, se utilizam de um falso dom, para denegrir, atormentar e criar falsas verdades em cima de inocentes, fazendo com que as pessoas que também são desequilibradas se voltem contra os inocentes, criando rancores, ódios e pensamentos destrutivos.
Nessa hora eu pergunto: Onde estão os verdadeiros Guias Espirituais que estas pessoas dizem ter, que não as alertam do erro? Mistério.
Se Guias Espirituais verdadeiros vissem algo patente, imediatamente iriam procurar um meio de desfazer o mal feito, mas com certeza, sem alardear o tal fato e muito menos “fofocar” para não trazerem ódios, desforras e nem pensamentos ruins.
Cuidado. “Guias espirituais” que somente ficam verbalizando demandas, magias negras, fofocas, com certeza são quiumbas, ou também pode ser puro animismo, onde a mente doentia do “médium” entra em ação.
Os quiumbas costumam convencer as pessoas de que são portadoras de magias negras, olhos gordos, invejas, etc. inexistentes, sempre dando nome aos bois, ou seja, identificando o feitor da magia negra, geralmente um inocente, para que a pessoa fique com raiva ou ódio, e faça um contra feitiço, a fim de pretender atingir o inocente para derrubá-lo. Agindo assim, matam dois coelhos com uma cajadada só: afundam ainda mais o consulente incauto que irá criar uma condição de antipatia pelo pretenso feitor da magia, e pelo inocente que pretendem prejudicar.
É chegada a hora de pararmos com essas atitudes negativas contra nós mesmos e contra as pessoas que nos procuram e procurarmos cultivar nas pessoas que elas estão em um Templo religioso a fim de se reencontrarem com Deus e consigo mesma, e a fim de se reequilibrarem para seguirem felizes e em paz suas vidas. Devemos incitar o amor, o perdão, a bondade, a união, a fraternidade e a benevolência.
É só analisarmos com atenção e chegaremos à conclusão que se todos os espíritos, ou seres humanos, fossem portadores de dons sobrenaturais poderosos e tivessem liberdade irrestrita para realizarem o que bem entendessem, o mundo viraria uma bagunça. Afinal, você, e só você tem o direito do livre arbítrio em sua vida. Jamais outra pessoa tem o direito de mexer em nosso livre arbítrio, a não ser que permitamos.
Onde estaria Deus em tudo isso?
Onde estão os Guias Espirituais em tudo isso?
Onde estão os Sagrados Orixás em tudo isso?
É triste observarmos médiuns acreditando tão somente em forças destrutivas presentes em suas vidas.
Vamos falar mais em Deus. Vamos incitar mais o amor e o perdão. Vamos estudar e vivenciar mais o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, do que querer aprender contra-magias. Vamos pregar a imortalidade da alma, e que existe paz e união entre todos.
O mal existe, mas não vamos dar o devido crédito a ele.
O olho gordo existe, mas não vamos dar o devido crédito a ele.
Nós não somos a imagem e semelhança de Deus, mas sim, a presença viva do Deus vivo em nossas vidas. Jesus disse: “Sois Deuses. Podeis fazer tudo o que fiz, e até mais”. - “Pedi e obtereis”. - “Orai e vigiai, para não cairdes em tentação”. - “Tudo é possível, àquele que crê”.
Quando um irmão nos procura e diagnosticamos uma presença espiritual negativa junto dele, devemos proceder à retirada dessa energia/espírito negativa e bem orientar a esse irmão, que essa aproximação deveu-se a uma simbiose de pensamento e atitudes, e não a uma perseguição gratuita.
Não podemos criar em nossas mentes que nossos Templos são alvos constantes de “demandas”, pois estaremos dando vazão à credibilidade excessiva de nossas mentes doentias, e a nossa mente acaba absorvendo esse conceito criado pelo nosso inconsciente.
Deus não é injusto.
Deus a tudo observa, e a tudo permite.
Portanto, nós merecemos o que estamos recebendo.
Deus se manifesta na Terra, através de toda a Natureza, mas se materializa e se comunica através do nosso espírito imortal, da nossa mente e do nosso coração.
Assim também o mal se materializa através da nossa mente e do nosso coração.
Por isso, vamos nos educar, vamos nos evangelizar, vamos seguir fielmente os conselhos de nossos Guias Espirituais e transformar nossas vidas em bênçãos.
Vamos criar em nossas mentes positivismo e cuidar bem de nossa saúde mental e física.
Não vamos dar crédito somente à negatividade, mas sim, criar em nossas vidas e em nossos Templos um clima de paz, amor e alegria, pois estaremos realizando a verdadeira missão da Umbanda, que é a libertação do homem.
livro: O ABC do Servidor Umbandista
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