terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O QUE É PSICOTRANSE?

O PSICOTRANSE é um momento de consciência, qualquer momento, no qual aconteça uma modificação do nível da consciência;
seja nos estado Beta, Alfa, REM, HIPNOSE, ou em qualquer outro estado alternativo.

Geralmente, as pessoas não percebem as modificações dos estados alterados de consciência, principalmente quando estes acontecem em nível Beta (vigília), outras vezes as pessoas tem a sensação que dormiram e, aparentemente, não lembram do acontecido durante esses momentos (semelhantes à amnésia pós hipnótica).
O psicotranse se confundem, de certo modo, com os estados de ausências, ou estados crepusculares, tão comuns nas disfunções cerebrais mínimas, geralmente vinculadas às epilepsias. Por outro lado, esses estados em nada se diferenciam daqueles denominados de "estados superiores de consciência", freqüentemente vivenciados por santos e místicos (veja Pierre Weil, "Experiência Cósmica e Psicose", Ed. Vozes).

PSICOTRANSE é uma palavra "criada" por nós (Eudes Alves e Eliezer C. Mendes) em 1979, para designar às alterações da consciência, em qualquer nível ou profundidade. Diferenciando-se assim do conceito de transe mediúnico, definido por Allan Kardec, que vincula o transe à influência dos espíritos dos mortos.

Desta forma procuramos focalizar mais o lado psicológico desses estados alterados de consciência (idéia que Charles Tart, 1972, também desenvolveu com o nome de EAC, estados alternativos de consciência). Integrando o conceito de inconsciente dinâmico e, resgatando essa importante área do comportamento psicológico, que os espíritas chamam de "animismo", (por ser produzido pela mente do médium, A. Aksakof, "Animismo e Espiritismo", 1890).

A maior parte dos espíritas, atribuem os fenômenos inconscientes aos espíritos dos mortos, por não saber lidar com o espírito dos vivos, porém essas manifestações, muitas vezes classificadas como "fantasias", são muito importantes para as terapias, seu valor está muito além daquilo que o próprio Freud atribuiu ao Id, como produto da repressão .


PSICOTRANSE E MAPEAMENTO CEREBRAL

O psicotranse pode ser identificado claramente no mapeamento cerebral, revelando-nos os níveis de consciência e os estágios diferenciados, relacionados aos padrões de freqüência. Este é um caminho muito promissor para o estudo desses estados de consciência. Talvez, um dia, compreenderemos os segredos da consciência, descobrindo como ela constrói os seus "hologramas psicológicos". Enquanto isto, já podemos hoje, integrar a dinâmica do psicotranse, e as interações inconscientes, em um trabalho prático de grande eficácia terapêutica: a captação-transe-terapia

O psicotranse pode ser desenvolvido por treinamento.
Como qualquer outro estado hipnótico, ele é absolutamente natural e normal, fazendo parte da dinâmica do psiquismo e, como todo estados hipnóticos, não tem nenhuma interferência de qualquer força sobrenatural. Ele pode acontecer muitas vezes espontaneamente de forma inconsciente, sem que as pessoas percebam suas alternâncias de personalidade, alterações de humor etc.. São sintomas de outra pessoa, à ela ligada emocionalmente. Esses sintomas poderão ser físicos, psicológicos ou comportamentais. Com o treinamento as pessoas identificam claramente a fonte de origem desses sintomas, libertando-se deles sem sofrer indevidamente

Todo estado alterado de consciência é um psicotranse.


SERIA O TRANSE DE INCORPORAÇÃO UM PSICOTRANSE?

Em 1977 demonstramos na TV do Uruguai uma incorporação induzida por HIPNOSE.
A sensitiva hipnotizada foi analisada por médicos uruguaios e por diretores de Centros de Umbanda.
Eles verificaram os efeitos fisiológicos do transe, e não encontrando diferença entre aquele transe e o dos rituais de UMBANDA.



O psicotranse tem uma extensão sobre a fisiologia do nosso corpo.
Toda HIPNOSE é um psicotranse, um estado psicodramático, que se objetiva à nível psicossomático.

Espírito, mente e matéria estão unidos em uma unidade, fazendo parte da mesma realidade. Suas partes não se excluem, elas se complementam e interagem, embora sejam estudadas por separado, como vem sendo feito (erroneamente até hoje, criando-se uma separação entre biologia (neurociência), psicologia (comportamento) e espiritualidade (estados superiores de consciência ou místicos).

A nossa proposta é a integração dos três níveis, compreendendo o individuo como um todo. Embora compreendemos que é importante, desde de um posto de vista técnico, estudar esses níveis por separado, na prática eles funcionam integrados. A nível inconsciente, podemos perceber essa unidade, naquilo que Jung chamou de individuação. A individuação seria uma sintonia harmônica ("ecológica") entre as partes da psique.

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O QUE É A CONSCIÊNCIA?

Vários caminhos são transitados na tentativas de encontrar uma explicação satisfatória sobre o que é a consciência. Uma das vertentes é a da neurociência, claramente posicionada nas obras que citamos anteriormente, outra vertente é a da filosofia. Desde Platão, a filosofia tenta compreender o problema da consciência, do ponto de vista racional. Outra vertente é a psicanalítica. A psicanálise nos apresenta a proposta freudiana, de uma consciência emergente da atividade do ego na relação com o mundo dos objetos, tendo em contra partida um nível mais amplo e profundo, que seria o ID (o inconsciente).
Para M. Klein esse objeto inicial, de um modo simbólico, é o peito da mãe.
Enquanto C. G.Jung nos fala de um inconsciente coletivo, reservatório da psique de toda a humanidade, que não depende da nossa experiência direta, e sim da experiência de toda a humanidade, e dela surgiria a nossa individualidade, por meio desse processo.
Por outro lado, o pensamento oriental nos fala de uma ilusão da realidade (maya), e divide a consciência em vários níveis, primariamente em sete, correspondendo esses níveis aos chakras, vórtices de energia que interagem nos plexos, localizados em diversas partes do sistema nervoso. Na verdade, até hoje, não sabemos muito bem o que é realmente a consciência, e muito menos ainda, o que é o inconsciente. Conceituamos o inconsciente como aquele nível da mente que não é consciente, uma evidente definição tautológica, porque não sabendo-se o que é a consciência, como definir o que é o inconsciente? Seriam os dois lado de uma mesma moeda, mas não conhecemos essa moeda. Estamos definindo um fato desconhecido por outro fato também desconhecido. Esse erro se arrasta desde de Descartes.

Como ser objetivo, quando o nosso raciocínio é subjetivo?

Por outro lado procuramos compreender o mundo dentro de um modelo matemático... mas a matemática é uma construção do nosso pensamento. Ela não existe fora do pensamento.
A neurociência nos ensina atualmente que o nosso cérebro passa por níveis de atividade elétrica, de potenciais e padrões de freqüências diferenciados, segundo o nível de consciência é o nível de atividade elétrica, ou vice versa.
Essas freqüências são mais rápidas (15 à 40hz) quando estamos no estado de vigília, e mais lentas quando fechamos o olhos e relaxamos (de 8 à 14hz, e bem mais lentas quando meditamos (3 à 7hz), tornando-se muito lentas quando dormimos (de 0,5 à 2 hz).

O potencial é mais baixo quando estamos produzindo uma atividade consciente, 5µV (microvóltios), e mais alto quando dormirmos, ou durante uma convulsão epiléptica, durante um transe, atingindo potenciais de até 200µV (microvóltios).

De uma forma convencional nós falamos de duas mentes, da mente consciente e da mente inconsciente, a primeira ligada ao intelecto e a percepção, e a segunda às nossas funções vegetativas, ou biológicas, e aos automatismos.
A mente consciente regeria a nossas atividades intelectiva, racional, psicológica, enquanto a nossa mente inconsciente regeria toda a nossa atividade emocional, social, biológica e espiritual.

No nível espiritual haveria ainda uma dimensão diferenciada que estaria ligada a uma "intencionalidade cósmica", muito próximo do conceito junguiano de inconsciente coletivo, ou inconsciente universal, atemporal, kármico, sincronístico, parapsicológico, que hoje é denominada mente não-localizada.

A Universidade do Arizona vem desenvolvendo um amplo trabalho sobe a consciência.


O QUE É A PERSONALIDADE?
No psicotranse encontramos as diferentes fases da personalidade, elas estão evidenciadas em suas múltiplas formas, aparecendo o que comumente denominamos "personalidades múltiplas".

Muitas vezes podemos observar as variações de uma forma tão evidente, que não cabe a "menor dúvida" que estamos frente a uma verdadeira alteração da personalidade. Essas alterações são conhecidas desde Azam, século dezenove, e foram bem estudadas por A. Binet.


Atualmente se discute muito isto nos meios acadêmicos.
Ian Hacking, Princeton University Press, 1995 ( veja tradução, "Múltiplas Personalidades e as Ciências da Memória", Ed. José Olympio, 2000).
Quando analisamos as diversas teorias da personalidade, desde G. Allport, Lindsey, J. Fadiman & R. Frager e outros, encontramos varias teorias divergentes.


O QUE É REALMENTE A PERSONALIDADE?

O psicotranse nos fornece a possibilidade de estudar as manifestações da personalidade em uma experiência única, "reproduzida" numa situação controlada: o transe do sensitivo. Um verdadeiro laboratório da experiência humana. Muitas vezes nos deparamos com os anjos e os demônios do inconsciente, com estórias de vidas passadas, ou até mesmo com verdadeiras "criações literárias" do inconsciente. Tudo aflora nesse momento de transição da mente. A loucura e a genialidade estão presentes em uma única pessoa. Separadas às vezes, por segundos ou minutos, de um transe controlado, ou por uma "eternidade" de um estado psicótico vividos em um hospital psiquiátrico.

Em certa ocasião na clínica do Dr. Eliezer C. Mendes, em Campinas, um sensitivo em transe, captando a personalidade de um paciente em tratamento, destruiu com os dentes uma peça de roupa, reproduzindo o comportamento de um cachorro. O paciente captado pelo sensitivo, estava vivendo um quadro psicótico, em certa ocasião o encontraram dormindo dentro da casa do cachorro, no quintal. Ele explicou o seu comportamento dizendo que "a sua mulher o tratava como um cachorro, e por isso foi dormir na cama do cachorro". O sensitivo não sabia nada da estória do paciente, e muito menos do episódio da casa do cachorro. Aquele comportamento psicótico para o paciente tinha um significado, ele se sentia maltratado pela esposa; mas para o sensitivo era apenas uma captação, a sintonia do inconsciente do paciente, manifestado espontaneamente no psicotranse, como na incorporação, ele representava o comportamento do cachorro, mordendo e rasgando tudo com os dentes.
Seria a personalidade um holograma reproduzido pelo cérebro, e que pode ser captado e representado pelo cérebro de outra pessoa? ou seria o cachorro uma entidade incorporada no médium?

Sobre o estudo da personalidade devemos destacar as pesquisas da Universidade de Virginia.

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