quarta-feira, 14 de maio de 2008

PRETOS VELHOS - EPA Ô


"Pai Tomé cadê mãe Maria
Foi na mata apanhar guiné
Diga a ela que quando vier, que suba as escadas e não bata os pés"

As grandes metrópoles do período colonial: Portugal, Espanha, Inglaterra, França, etc; subjugaram nações africanas, fazendo dos negros mercadorias, objetos sem direitos ou alma.

Os negros africanos foram levados a diversas colônias espalhadas principalmente nas Américas e em plantações no Sul de Portugal e em serviços de casa na Inglaterra e França.

Os traficantes coloniais utilizavam-se de diversas técnicas para poder arrematar os negros:

Chegavam de assalto e prendiam os mais jovens e mais fortes da tribo, que viviam principalmente no litoral Oeste, no Centro-oeste, Nordeste e Sul da África.

Trocavam por mercadoria: espelhos, facas, bebidas, etc. Os cativos de uma tribo que fora vencida em guerras tribais ou corrompiam os chefes da tribo e financiavam as guerras e fazia dos vencidos escravos.

No Brasil os escravos negros chegavam por Recife e Salvador, nos séculos XVI e XVII, e no Rio de Janeiro, no século XVIII.

Os primeiros grupos que vieram para essas regiões foram os bantos; cabindos; sudaneses; iorubas; geges; hauçá; minas e malês.

A valorização do tráfico negreiro, fonte da riqueza colonial, custou muito caro:

"Em quatro séculos, XV ao XIX, a África perdeu, entre escravizados e mortos 65 a 75 milhões de pessoas, e estas constituiam uma parte selecionada da população.

Arrancados de sua terra de origem, uma vida amarga e penosa esperava esses homens e mulheres na colônia: trabalho de sol a sol nas grandes fazendas de açúcar. Tanto esforço, que um africano aqui chegado durava, em média, de sete a dez anos! Em troca de seu trabalho os negros recebiam três "pês": pau, pano e pão.

E reagiam a tantos tormentos suicidando-se, evitando a reprodução, assassinando feitores, capitães-do-mato e proprietários. Em seus cultos, os escravos resistiam, simbolicamente, à dominação.

A "macumba" era, e ainda é, um ritual de liberdade, protesto, reação à opressão. As rezas, batucadas, danças e cantos eram maneiras de aliviar a asfixia da escravidão.

A resistência também acontecia na fuga das fazendas e na formação dos quilombos, onde os negros tentaram reconstituir sua vida africana. Um dos maiores quilombos foi o Quilombo dos Palmares onde reinou Ganga Zumba ao lado de seu guerreiro Zumbi, protegido de Ogum.

"Zumbi, comandante guerreiro...
Guerreiro mor, capitão.
Da capitania da minha cabeça...
Levai alforria ao meu coração..."

(Gilberto Gil)

Os negros que se adaptavam mais facilmente à nova situação recebiam tarefas mais especializadas, reprodutores, caldeireiro, carpinteiros, tocheiros, trabalhador na casa grande (escravos domésticos) e outros, ganharam alforria pelos seus senhores ou pelas leis do Sexagenário, Ventre livre e enfim a Lei Áurea.

Estes negros aos poucos conseguiram envelhecer e constituir mesmo de maneira precária uma união representativa da língua, culto aos Orixás e aos antepassados e tornaram-se um elemento de referência para os mais novos, refletindo os velhos costumes da Mãe África. Eles conseguiram preservar e até modificar, no sincretismo, sua cultura e sua religião.


ATUAÇÃO

E assim são os Pretos-Velhos da Umbanda. Eles representam a força, a resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que necessitam: curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz.

Eles representam a humildade, não têm raiva ou ódio pelas humilhações, atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado.

Com seus cachimbos, fala pausada, tranqüilidade nos gestos, eles escutam e ajudam àqueles que necessitam, independentes de sua cor, idade, sexo e de religião.

Não se pode dizer que em sua totalidade que esses espíritos são diretamente os mesmos pretos-velhos da escravidão. Pois, no processo cíclico da reencarnação passaram por muitas vidas anteriores foram: negros escravos, filósofos, médicos, ricos, pobres, iluminados, e outros. Mas, para ajudar aqueles que necessitam escolheram ou foram escolhidos para voltar a terra em forma incorporada de preto-velho. Outros, nem negros foram, mas escolheram como missão voltar nessa pseudo forma.

Este comentário pode deixar algumas pessoas, do culto e fora dele, meio confusas: "então o preto-velho não é um preto velho, ou é, ou o que acontece???".

O espírito que evoluiu tem a capacidade de se por como qualquer forma passada, pois ele é energia viva e conduzente de luz, a forma é apenas uma conseqüência do que eles tenham que fazer na terra. Esses espíritos podem se apresentar, por exemplo, em lugares como um médico e em outros como um preto-velho ou até mesmo um caboclo ou exu. Tudo isso vai de acordo com o seu trabalho, sua missão. Não é uma forma de enganar ou má fé com relação àqueles que acreditam, muito pelo contrário, quando se conversa sinceramente, eles mesmos nos dizem quem são, caso tenham autorização.

Por isso, se você for falar com um preto-velho, tenha humildade e saiba escutar, não queira milagres ou que ele resolva seus problemas, como em um passe de mágica, entenda que qualquer solução tem o princípio dentro de você mesmo, tenha fé, acredite em você, tenha amor a Deus e a você mesmo

Para muitos os pretos-velhos são conselheiros mostrando a vida e seus caminhos; para outros, são pisicólogos, amigos, confidentes, mentores espirituais; para outros, são os exorcistas que lutam com suas mirongas, banhos de ervas, pontos de fogo, pontos riscados e outros, apoiados pelos exus de lei (exus de luz) desfazendo trabalhos e contra as forças negativas (o mal), espíritos obscessores e contra os kiumbas (espíritos sem luz que trabalham na corrente negativa que levam os homens ao lado negativo e a destruição).







MENSAGEM

A figura do Preto-Velho é um símbolo magnífico.
Ela representa o espírito de humildade, de serenidade e de paciência que devemos ter sempre em mente para que possamos evoluir espiritualmente.

Certa vez, em um centro do interior de Minas, uma senhora consultando-se com um preto velho comentou que ficava muito triste ao ver no terreiro pessoas unicamente interessadas em resolver seus problemas particulares de cunho material, usando os trabalhos de Umbanda sem pensar no próximo e, só retornavam ao terreiro, quando estavam com outros problemas.

O preto velho deu uma baforada com seu cachimbo e respondeu tranquilamente: "Sabe filha, essas pessoas preocupadas consigo próprias, são escravas do egoísmo. Procuramos ajudá-las, resolvendo seus problemas, brincando de pechinchar obrigações, de propósito. mas aquelas que podem ser aproveitadas, depois de algum tempo, sem que percebam, estarão vestidas de roupa branca, descalças, fazendo parte do terreiro. Muitas pessoas vem aqui buscar lã e saem tosqueadas; acabam nos ajudando nos trabalhos de caridade".

Essa é a sabedoria dos pretos velhos...
Os pretos-velhos levam a força de Deus (Zambi) a todos que queiram aprender e encontrar uma fé. Sem ver a quem, sem julgar, ou colocando pecados. Mostrando que o amor a Deus, o respeito ao próximo e a si mesmo, o amor próprio, a força de vontade e encarar o ciclo da reencarnação podem aliviar os sofrimentos do karma e elevar o espírito para a luz divina. Fazendo com que as pessoas entendam e encarem seus problemas e procurem suas soluções da melhor maneira possível dentro da lei do dharma e da causa e efeito.

Eles aliviam o fardo espiritual de cada pessoa fazendo com que ela se fortaleça espiritualmente. Se a pessoa se fortalece e cresce consegue carregar mais comodamente o peso de seus sofrimentos. Ao passo que se ela se entrega ao sofrimento e ao desespero enfraquece e sucumbe por terra pelo peso que carrega. Então cada um pode fazer com que seu sofrimento diminua ou aumente de acordo com encarne seu destino e os acontecimentos de sua vida:

"Cada um colherá aquilo que plantou. Se tu plantaste vento colherás tempestade. Mas, se tu entenderes que com luta o sofrimento podeis tornar-se alegria vereis que deveis tomar consciência do que foste teu passado aprendendo com teus erros e visando o crescimento e a felicidade do futuro. Não sejais egoísta, aquilo que te fores ensinado passai aos outros e aquilo que recebeste de graça, de graça tu darás. Porque só no amor, na caridade e na fé é que tu podeis encontrar o teu caminho interior, a luz e DEUS" (Pai Cipriano).

Salve todos os PRETOS-VELHOS, que DEUS os iluminem e os abençoem. A todos os PRETOS-VELHOS que trabalham nesse mundo e no outro com muito amor.

EPA Ô MEUS VELHOS!



PAI JACÓ - A LENDA

Pai Jacó nasceu em Guiné, na África em 1764. Criança de 7 anos ainda, veio ao Brasil, como escravo.
Foi comprado por um fazendeiro, da região do norte de Minas Gerais, que era um homem rústico e de coração duro, que nunca na sua vida foi capaz de chorar nem por sua dor nem a dos semelhantes.
Quando criança chamava-se Jacó, não sabendo se foi ou não batizado com esse nome. Depois já de velho passaram a chamá-lo Pai Jacó.
Sempre fora resignado, humilde e trabalhador.
Gozava da confiança do seu patrão, a quem sempre procurava servir satisfeito e da melhor boa vontade.
A véspera de Natal, para festejar, era costume do seu senhor convidar para o banquete todos os seus vizinhos fazendeiros a passarem a noite na sua fazenda, com grande fogueira onde dezenas de pessoas se reuniam e dançavam até o alvorecer.
Desde o dia 22, o seu senhor havia comprado perus, patos, galinhas e leitões para a festa do dia 24 de Dezembro.
Designou o Pai Jacó para tomar conta destes para que não fugissem.
Na manhã seguinte, verificou o senhor que desapareceram muitas aves e animais por um buraco feito no cercado de taquara.
Indignado pelo acontecido, mandou prender o Pai Jacó, sem luz e sem água, depois de recriminá-lo asperamente e ordenou ainda que nenhum alimento, nem água lhe fossem dado.
Na manhã do dia 24, apareceram no terreiro, não se sabe como, todas as aves e leitões desaparecidos.
Na madrugada desse dia, Pai Jacó, na sua prisão, ajoelhou-se e, em uma prece sentida entre lágrimas, pedia a Jesus que o seu amo não o culpasse da falta de que estava inocente e orando também por ele, para que recebesse do céu a luz de que carecia; que a ele concedesse a resignação e humildade que necessitava, para suportar a sua ira e a fome, porque estava passando e não sabia quantos dias continuaria assim, sem uma gota de água na sua prisão.
Ao terminar a sua prece, viu clarear-se repentinamente a prisão, abrir-se o teto e aparecer um anjo, que lhe parecia o "menino Jesus", trazendo, sorridente, em uma das mãos, um pão muito alvo, e na outra um copo com vinho, dizendo-lhe com voz angelical:
-"Pai Jacó, trago-te meu amigo, este pão e vinho".
Jacó, estupefato, ajoelhou-se novamente, chorando de alegria e fitando aquele menino, que pairava no espaço, à pequena altura, envolto em muita luz.
O escravo comeu o pão e viu que saiam chispas de luz do mesmo, cada vez que levava aos lábios; depois bebeu o vinho e o menino Jesus, sempre de fisionomia sorridente, abençoou-o com as suas mãozinhas rosadas e desapareceu, fechando de novo o teto e voltando a escuridão em que se achava.
Mas, pouco tempo durou essa escuridão, pois notou que, pelas frestas da tosca e pesada porta, partiam raios luminosos que ele admirava sem saber explicar o que era, ajoelhou-se novamente e em uma outra prece cheia de gratidão, agradeceu a Deus a sua misericórdia.
Quando terminou de orar, ouviu rumores de fora e vozes que se aproximavam; abriu-se a porta e apareceu o seu senhor, seguido do feitor e de outros escravos, e lhe disse:
-Pode sair, Jacó.
E ordenou a um dos escravos que lhe fosse dado alimento.
-Não preciso comer, meu senhor.
-Ninguém abriu até agora esta porta, respondeu-lhe ele. Como, então não tem fome?
- Porque na madrugada do dia 24, creio que era de madrugada... Eu fiz uma oração a Deus e abriu-se este teto.
O menino Jesus veio cheio de luz com um pão e um copo de vinho e deu-me.
Comi o pão do qual saia uma espécie de fogo, e bebi o vinho que era saboroso.
Depois, o menino Jesus subiu lentamente e desapareceu, fechando-se de novo o teto da minha prisão.
Por muitos dias, meu senhor, não precisarei me alimentar.
O meu senhor - continuou Jacó -, que ouvia como que petrificado a minha narrativa singela e verdadeira, ficou olhando-me admirado e pelas suas faces corriam grossas lágrimas, lágrimas que ele vertia pela primeira vez na sua vida. Chorava, sim, pela primeira vez aquele coração endurecido, que não havia dor que o abatesse.
Daí por diante o meu senhor mudou completamente, tratava bem os escravos e, portanto, a mim também, inteiramente regenerado, dando-me a liberdade quando já doente e sem forças para trabalhar.
Pouco tempo, entretanto, durou a minha liberdade terrena, porque parti em busca de uma liberdade muito mais ampla, onde me encontro, graças à caridade do Nosso Pai.
Oh! Como sou feliz! Como bendigo os sofrimentos porque passei na Terra!
Quanto maiores são os sofrimentos que não buscamos pelas nossas maldades, maiores são também as dádivas do Céu!
Felizes dos que sofrem com resignação e humildade, porque sem essa resignação e humildade, teremos de recomeçar na presente ou em nova existência, as nossas tarefas de resgate.
"Devendo o meu progresso espiritual à minha condição humilde de escravo, e não de branco e grande médico na Espanha, prefiro que me chamem Pai Jacó e não Antonino Silas, e sinto-me bem quando posso falar na minha meia língua de africano, no meio de íntimos, na Terra".
Morreu com 83 anos, próximo a Minas Gerais, no ano de 1847.
Responsável pela limpeza espiritual de fluidos deletérios, é um precioso socorrista no resgate de espíritos obsessores agindo na desarticulação de determinados trabalhos oriundos de seguimentos religiosos afro-brasileiros.
Desde a fundação do NEC, Pae Jacó foi designado por Dr. Romano para assumir essas tarefas, pelo grande sentimento de caridade que traz consigo, bem como antigos conhecimentos que traz de outras vidas de manipulação de fluidos.
Atua também como médico na condição do médico espanhol Doutor Antonino Silas, ou Ansilas.
EPA Ô PAI JACÓ!


VOVÓ MARIA CONGA - A LENDA

Cenas de exaustivo trabalho em plantações de cana. É nisso que Vovó Maria Conga parece estar constantemente envolvida. Gosta de doces, cocada branca em especial, mas não dá demonstrações de ter sido esta sua principal ocupação na encarnação como escrava.
Sentada em um toco de madeira no terreiro contou, certa vez, alguns fatos de sua vida em terra brasileira.
Começou dizendo que só o fato de podermos conviver com nossos filhos é uma grande dádiva. Naquele tempo as negras eram destinadas, entre outras coisas, a procriar, a gerar filhos que delas eram afastados muito cedo, até mesmo antes de serem desmamados. Outras negras alimentavam sua cria, assim como tantos outros "filhotes" foram alimentados pela Mãe Conga. Quase todas as mulheres escravas se transformavam em mães; cuidavam das crianças que chegavam à fazenda, rezando para que seus próprios filhos também encontrassem alento aonde quer que estivessem.
Os orixás africanos, desempenhavam papel fundamental nesta época. Diferentes nações africanas que antes guerreavam, foram obrigadas a se unir na defesa da raça e todos os orixás passaram a trabalhar para todo o povo negro. As mães tomavam conhecimento do destino de seus filhos através das mensagens dos orixás. Eram eles que pediam oferendas em momentos difíceis e era a eles que todos recorriam para afastar a dor.
Maria Conga teve que se utilizar de algumas "mirongas" para deixar de ser uma reprodutora, e assim, pelo fato de ainda ser uma mulher forte, restou-lhe a plantação de cana. A colheita era sempre motivo para muito trabalho e uma espécie de algazarra contagiava o lugar. Enquanto as mulheres cortavam a cana, as crianças, em total rebuliço, arrumavam os fardos para que os homens os carregassem até o local indicado pelo feitor. Foi numa dessas ocasiões que Maria Conga soube que um dos seus filhos, afastado dela quando já sabia andar e falar, era homem forte, trabalhando numa fazenda próxima.
Seu coração transbordou de alegria e nada poderia dissuadi-la da idéia de revê-lo. Passou então a escapar da fazenda, correndo de sol a sol, para admirar a beleza daquele forte negro. Nas primeiras vezes não teve meios de falar com ele, mas os orixás ouviram suas súplicas e não tardou para que os dois pudessem se abraçar e derramar as lágrimas por tanto tempo contidas. Parecia a ela que eles nunca tinham se afastado, pois o amor os mantivera unidos por todo o tempo.
Certa tarde, quase chegando na senzala, a negra foi descoberta. Apanhou bastante, mas não deixou de escapar novamente para reencontrar seu filho. Mais uma vez os brancos a pegaram na fuga, e como ela ainda insistisse uma terceira vez resolveram encerrar a questão: queimaram sua perna direita, um pouco acima da canela, para que ela não mais pudesse correr.
Impossibilitada de ver o filho, com menor capacidade de trabalho, a Vó Maria Conga passou a cuidar das crianças negras e de seus doentes. Seu coração se encheu de tristeza ao saber que haviam matado seu filho quando tentava fugir para vê-la.
Sua vida mudou. De alegre e tagarela passou a ser muito séria, cuidando do que falavaaté mesmo com os outros negros. Para as crianças contava histórias de reis negros em terras negras, onde não havia outro senhor. Sábia, experiente e calada, Vovó Maria Conga desencarnou.
Com lágrimas na alma ela acabou seu conto. Disse que só entendeu a medida do amor após a sua morte. Seu filho a esperava sorrindo, guardião que fora da mãe o tempo todo em que aguardava seu retorno ao mundo dos espíritos.



AS SETE LAGRIMAS DE UM PRETO VELHO

Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, pitando o seu cachimbo, um triste preto velho chorava.
De seus olhos molhados, esquisitas lágrimas desciam-lhe pelas faces, não sei porque contei-as...foram sete.
Na incontida vontade de saber, aproximei-me e o interroguei.
Fala meu Preto Velho, diz ao teu filho por que externas assim uma visível dor?
E ele, suavemente respondeu:
- Estás vendo esta multidão que entra e saí?
As lágrimas contadas estão distribuidas a cada uma dela.

- A primeira, eu dei a estes indiferentes que aqui vem em busca de distração, para sairem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber...

- A segunda, a esses eternos duvidosos que acreditam desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam.

- A terceira, distribui aos maus, aqueles que somente procuram a Umbanda em busca de vingança, desejando prejudicar aos seus semelhantes.

- A quarta, aos frios e calculista que sabem que existe uma força espiritual, e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma, e não conhecem a palavra gratidão.

- A quinta, aos que chegam suave, com risos, o elogio na flor dos lábios, mas se olharem bem o seu semblante, verão escrito: "Creio na Umbanda, nos teus cabocolos e no teu Zambi, mas somente se vencerem o meu caso ou me curarem disso ou daquilo."

- A sexta, eu dei aos fúteis que vão de centro em centro, não acreditando em nada, buscam aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente.

- A sétima, filho, nota como foi grande e como deslizou pesada: Foi a última lágrima, aquela que vive nos "olhos" de todos os Orixás. Fiz a doação dessas aos médiuns vaidosos, que só aparecem no centro em dia de festa e faltam as doutrinas.

Esquecem, que existem tantos irmãos precisando de caridade e tantas criancinhas precisando de amparo material e espiritual.
Assim, filho meu, foi para esses todos, que vistes cair, uma a uma as sete lágrimas de um PRETO VELHO.

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