sexta-feira, 30 de maio de 2008

O QUE É UM OTÁ?




OTÁ

O INÍCIO DOS ASSENTAMENTOS



Um assentamento começa a ser construído sem pressa pelo médium, pe­ça a peça, até que ele tenha no mí­nimo sete elementos do Orixá, todos já consagrados, tanto no seu ponto de forças, quanto no seu centro de Um­­banda.

Não é preciso esperar abrir o cen­tro para começar a constituí-lo rapi­da­mente. Um dos primeiros elementos é o Otá ou pedra do seu Orixá.

O Otá equivale a "pedra funda­men­tal" das grandes construções civis ou de grandes templos erigidos no pla­no material pelas mais diversas reli­giões.

Cada Orixá tem a sua pedra (as) e é por ela que o médium deve come­çar a constituição dos fundamentos do assentamento do seu próprio Ori­xá.

Nos relatam os nossos mais velhos que, durante o período da escravidão, quando se realizava a cerimônia de ini­ciação dos noviços, estes iam mata adentro à procura do seu Otá ou pedra do seu Orixá, e voltavam só ao ama­nhecer, já com ela entre as mãos.

Dali em diante, ela seria o mais po­­deroso elo de ligação com seu Orixá. Seria conservada com zelo e ali­­men­tan­da periodicamente para manter integralmente seu axé (poder).
Normalmente ela era condicionada em uma quartinha de barro, pois a lou­ça era um artigo raro e caro, ina­cessível às classes menos favorecidas. Panelas, vasos, tigelas, canecos, e ou­­tros utensílios feitos de bar­­ro cozido, eram comuns e de uso cotidiano, não só pe­­los in­dígenas, uma vez que os co­­lo­­nizadores mais po­bres tam­bém usa­vam uten­sílios de bar­ro cozido. Eram os vasi­lhames e uten­sílios mais po­pulares e mais baratos na­quela época, cer­to?

Hoje, quando você tem os mesmos utensílios em lou­ça, pode usá-los à vontade. Até porque as quartinhas de barro precisam passar por um envernizamento externo e por um revestimento oleoso in­terno, para que a água ou outra bebida colocada dentro dela não seja absorvida pelo barro e, sob temperaturas elevadas evapore completamente.

Então, como atualmente você não precisa sair às escondidas e em altas horas da noite para encontrar na es­curidão o seu Otá ou pedra do seu Ori­xá, recomendamos que a encontre num rio ou cachoeira pedregosa e ali, calmamente, escolha-o e assim, reco­lha-o levando-o para casa já envolto em um pedaço de pano com a cor do seu Orixá.

Mas lembre-se: Não é só chegar até o leito pedregoso do rio, catar uma pedra rolada, envolvê-la num pa­no e ir embora. Não mesmo!

Há todo um ritual que deve ser cumprido à risca se quiserem que seus Otás tenham axé ou poder de reali­zação. Abaixo vamos descrevê-lo:
1- Encontrar um trecho de rio de águas limpas que seja pedregoso;

2- Numa margem dele, oferendar nossa mãe Oxum e pedir-lhe licença para recolher dos seus domínios o Otá do seu Orixá.

3 - Depois, oferende o seu Orixá na outra margem ou, se for na mesma, faça-a mais abaixo da oferenda que fez para a Senhora Oxum.

4 - Já com a oferenda feita, der­rame no rio uma garrafa de cham­pag­ne ou outra bebida doce e 7 punhados de açúcar, oferecendo-os aos Seres das Águas, pedindo-lhes licença para entrar no rio e recolher seu Otá.

5 - Isto feito, o mé­dium deve en­trar no leito do rio e pro­curar uma pedra rolada que o atraia mais que as outras e, quando encon­trá-la, deve pedir licença à Mãe e aos Seres da Àgua para pegá-la para si.

6 - Após pegá-la, de­ve elevá-la com as duas mãos acima da cabeça e, como numa oração, dizer estas palavras: "Meu Pai (ou Mãe) Orixá tal, eis a pe­­dra de axé, o meu Otá! Abençoe-o com tua luz, com teu manto divino e com teu axé, tornando-a, a partir de agora, minha pedra sagrada!"

7 - Após fazer essa primeira con­sa­gração a pessoa deve ir até onde está a oferenda da Mãe Oxum e apre­sentá-la segurando-a na palma das mãos unidas em concha, dizendo-lhe es­tas palavras: "Minha Mãe Oxum, apre­sento-lhe meu Otá. Abençoe-o, minha amada Mãe!"

8 - Após receber a benção da Mãe Oxum, a pessoa deve dirigir-se até onde está a oferenda do seu Orixá, colocá-la dentro dela e fazer esse pe­dido: "Meu Pai (minha Mãe) Orixá tal, peço-lhe que aqui, dentro da sua oferenda, consagres essa pedra de forças, esse meu Otá".

9 - Após esse pedido, a pessoa de­ve aguardar uns 10 minutos para recolhê-la e envolvê-la no pedaço de pano na cor do Orixá. Mas antes, deve dizer estas palavras: "Meu Pai (minha Mãe), peço-lhe licença para recolher meu Otá com seu axé, e envolvê-lo nesse pedaço de pano que simboliza seu manto protetor para que eu possa levá-la para minha casa protegida e ocultada dos olhares alheios".

10 - Recolha-a e embrulhe-a com o pano. Então peça licença e vá para casa.
Chegando em casa, risque um símbolo do seu Orixá, coloque-o dentro dele; acenda uma vela de 7 dias e co­loque-a dentro dele. Invoque seu Orixá, pedindo-lhe que alimente-a com sua luz viva, só recolhendo-a e guar­dando-a em um local adequado quan­do a vela for toda queimada.

Caso queira, poderá pegar uma tigela de louça colocar dentro dela um pouco de água e macerar um punhado de folhas do Orixá para, em seguida co­locar dentro o seu Otá, iluminar com uma vela de sete dias e pedir-lhe que incor­pore-lhe seu axé vegetal.

Após sete dias com o Otá imerso no caldo vegetal poderá lavá-lo em água corrente que o axé vegetal do Orixá terá sido incorporado a ele.

Só então, a pessoa poderá ali­mentá-lo com a bebida do Orixá. Para alimentá-lo poderá fazê-lo derra­man­do-a na mesma tigela usada para as ervas. O procedimento é idêntico:

• Coloca-se a bebida; a seguir co­loca-se o Otá; cobre-se a tigela com o pano na cor do orixá; ilumina-se com uma vela de 7 dias e faz-se uma ora­ção para que o Orixá alimente-o com o axé da sua bebida.

• Após sete dias, retire o Otá, lave-o em água corrente e coloque-o dentro de uma quartinha de louça ou de barro cerâmico;

• Encha-a com água engarrafada adquirida no comércio pois não contêm cloro e coloque-a, já tampada, em seu altar, oratório ou em um local onde só você mexa.
• Então, periodicamente, troque a água ou complete-a, que seu Otá passará a atuar em seu benefício, atuan­do como um ponto de força do seu Orixá.

• Quando vier a fazer o assenta­mento dele, coloque nele a sua quar­tinha com seu Otá dentro dela, passan­do a alimentá-la com ela já assentada em definitivo. Aí está seu verdadeiro e genuíno "Otá"!

Temos ouvido relatos de que al­guns dirigentes espirituais adquirem no comércio algumas pedras roladas ou pedregulhos, já manuseados por ou­tras pessoas e, num ritual simples co­locam-nos dentro da quartinha dos se­us filhos espirituais onde, daí em diante estes passarão a alimentá-la periodicamente como se tivessem de fa­to o axé dos Orixás deles.

Mas isto não é verdadeiro e sim, assemelha-se a uma simpatia, que tanto pode funcionar como não.

Um Otá genuíno só deve ter a mão do seu dono e só deve ter a vibração do seu Orixá. Qualquer outra vibração incorporada ao Otá de uma pes­soa influirá negativamente sobre ele e sobre o seu dono, assim como sobre o próprio Orixá.

Isto acontece quando quem par­ticipou da consagra­ção do Otá fica de mal humor; com rai­va; com ódio dele; com antipatia por ele, etc.

Um Otá é algo pessoal e não deve ser manipulado por mais ninguém além do seu dono e só de­ve conter suas vi­bra­ções e as do seu Orixá.

Além do mais, caso a quartinha com o Otá fique nas dependências do Templo que a pessoa freqüenta, várias coi­sas podem influir sobre ela e ele tais como:
- Caso o Templo esteja sendo de­mandado os donos dos Otás também serão atingidos.

- Caso virem as forças assentadas ou firmadas no Templo, as dos donos dos Otás também serão viradas.

- Caso prendam as forças assen­tadas ou firmadas no Templo, as dos donos dos Otás também serão presas.

- Caso o dirigente fique com ódio de um médium seu, poderá atin­gí-lo atra­vés do seu Otá, e qual­quer outros elementos pessoais colo­cados dentro da quartinha (pois há os que colocam um chumaço de cabelo, retirado do ori do seu filho de santo).



Recomendamos às pessoas que fo­rem prejudicadas dessa forma que com­prem 7 quartinhas de louça; con­sigam 7 líquidos diferentes, tais como: mel, bebida do seu orixá, água doce, água salgada, água com ervas ma­ceradas, água com pemba branca rala­da misturada e água de côco.

Com esses sete líquidos engarra­fados separadamente, devem ir até uma cachoeira e nela fazer uma ofe­renda a Mãe Oxum.

Após fazer a oferenda devem pe­dir-lhe licença para colher 7 pedras no leito da cachoeira. Após colhê-las colo­cá-las dentro das 7 quartinhas e acres­centar um pouco de água da ca­choeira.
A seguir, colocar as quartinhas em círculo e derramar dentro de cada uma o líquido de uma garrafa. Acender 7 velas amarelas juntas no centro do círculo das quartinhas; acender 7 ver­melhas do lado de fora do círculo de quar­tinhas, uma para cada uma.

Na seqüência, fazer essa oração po­derosa ajoelhado diante do círculo de quartinhas: "Minha amada e miseri­cordiosa Mãe Oxum, clamo-lhe nesse momento em que sofro um ato de in­justiça, que a Senhora ative o seu Sa­grado Mistério das Sete Quartinhas e, em nome do Divino Criador Olorum, de Oxalá, da Lei Maior e da Justiça Di­­vina, que essa injustiça seja cor­tada, anulada e retardada, e que, quem a fez contra mim seja rigoro­sa­mente punido por Olorum, por Oxalá pela Lei Maior e pela Justiça Divina, as­sim como pelo Orixá, pelo Exu Guardião, e pela Pombagira Guardiã dela, que assim, punida rigorosa­men­te, nunca mais use do seu conheci­mento para prejudicar-me e a ninguém mais.

Peço-lhe também, que tudo o que essa pessoa fez e desejou contra mim, contra minhas forças espirituais e con­tra meu Orixá, que na Lei do Retorno seja voltado integralmente contra ela, punindo-a rigorosamente por ter me faltado com o respeito e com a fraternidade humana que deve reinar em nossa vida.

Peço-lhe também que essa pessoa seja punida com a retirada dos seus poderes e conhecimentos pessoais, assim como, que dela sejam afastados todos os seus filhos espirituais e seus amigos, para que não venham a ser vítimas da perfídia, da traição e do ódio dela por quem a desagrada.
Peço-lhe também que os Orixás e os Guias Espirituais de todos os filhos espirituais dessa pessoa maligna sejam alertados da perfídia dela e tomem as devidas providências para protege­rem-se, e aos seus filhos, da traição e da falsidade dessa pessoa indigna perante os Sagrados Orixás, o Divino Criador, Olorum, a Lei Maior e a Justiça Divina, e todos os umbandistas.

Que a Lei Maior e a Justiça Divina comecem a atuar e só cessem suas atua­ções quando ela pedir-lhes per­dão pela injustiça cometida. Ou, caso ela não o faça, então atuem pondo-a para fora da Umbanda para que nunca mais manche-a com sua per­fídia, traição e falsidade.

Peço-lhe e peço a todos os po­deres invocados aqui, que me prote­jam de todos os atos negativos que essa pessoa traiçoeira e perfídia venha a intentar contra mim, minhas forças, meu Orixá, minha vida e família, assim como vos peço que cada ato dela feito contra mim de agora em diante seja virado e seja revertido contra ela, punindo-a ainda mais.

Amém"!

Essa oração é tão poderosa, que imediatamente a pessoa que cometeu o ato indigno de atingir um filho espi­ritual, as suas forças espirituais e ao seu Orixá, começa a ser punida de tal forma, que em pouco tempo, ou ela desfaz o mal feito e pede perdão ao atraiçoado ou sua vida terá uma revi­ravolta tão grande que acabará afun­dando em sua maldade.

É a justa punição para quem ousa atingir o orixá alheio.
Essa magia e essa oração forte não deve ser usada para futricas e intrigas pessoais pois nossa amada Mãe Oxum não está à nossa dispo­sição para essas coisas e sim, ela nos concede a ativação do seu Sagrado Mistério das Sete Quartinhas para que atos indignos cometidos contra nossos Guias e Orixás sejam punidos rigoro­samente.

Bem, após essa magia para a defesa de vítimas de trabalhos para atin­gí-las a partir do seu Otá, conti­nue­­mos com os comentários sobre a "pedra fundamental" dos médiuns umbandistas.

Saibam que um Otá (ou pedra de força) também pode ser encontrado e recolhido em outros lugares além do leito dos rios. Pedras são encontradas na terra, no sopé das montanhas, em pedreiras, etc.

• Se a sua pedra de forças (aque­la que o atraiu) for encontrada dentro de uma mata ou bosque, aí você deve pedir licença ao Orixá Oxóssi para recolhê-la e consagrá-la ao seu Orixá.

• Se ela foi encontrada na terra, em algum campo aberto, peça licença ao Orixá da terra, Omulú.

• Se ela for encontrada no sopé de uma montanha, ou mesmo nela, peça licença ao Orixá Xangô.

• Se ela for encontrada em uma pedreira, peça licença ao Orixá Yansã.

• Se ela for encontrada nas mar­gens de um lago ou do estuário de um rio, peça licença ao Orixá Nanã Bu­ruquê.

• Se ela for encontrada nas margens ou no fundo de uma lagoa, peça licença ao Orixá Obá.

• Se ela for encontrada a beira mar ou mesmo dentro das suas águas, peça licença ao Orixá Iemanjá.

• Se for "encontrada" no comércio de pedras, aí é problema seu, certo?
Afinal, um Otá genuíno não é uma pedra semi-preciosa e sim, é um eixo rolado ou um pequeno geodo ain­da na natureza e que não passou de mão em mão.

Quando a "pedra ideal" é encon­trada, como que por acaso, e o médium não estava ali com a finalidade de encontrar seu Otá, mas deseja reco­lhê-la e levá-la para sua casa porque "sente" que ela tem algum poder ou finalidade mágica, este deve ajoelhar-se perto dela e, dependendo do cam­po vibratório em que ela se encontra, ali deve fazer uma oração ao Orixá regente dele e pedir-lhe permissão para recolhê-la e levá-la para sua casa pois já se esta­beleceu uma afinidade entre ambos.

Se você ainda não souber que tipo de afinidade se criou, recolha-a, e leve-a embora. Guarde-a e aguar­de, porque pode ser que mais adiante um guia espiritual manifeste-se e lhe dê orientações sobre ela e como tratá-la dali em diante.

Agora, se em todo o lugar da natu­reza que você for, encontrar uma ou mais pedras que o atraiam inten­sa­mente, aí já se trata de uma coisa pes­soal e o melhor a fazer é tornar-se um colecionador de pedras ornamen­tais ou raras.

2 comentários:

Unknown disse...

Boa Tarde! Sou novissima no assunto então me perdoe se eu disser alguma besteira! Mas eu participei de uma gira de esquerda e fiquei intrigada qdo no meio da gira o "zelador de santo", deu p/ alguns de seus "filhos de santo", a quartinha do EXU p/ beber com Wisky e Dende (acho)? Isso é normal? O que ocasiona ou proporciona o fato de termos bebido nesta quartinha do Exu? Grata!

Unknown disse...

COMO SABER QUEM É O NOSSO ORIXA, POIS NÃO TENHO GUIA ESPIRITUAL?