REVENDO CONCEITOS.
Em definição simples, auto-estima é apenas uma opinião favorável que temos de nós mesmos. É autoconfiança. Mas, o conceito como vários que implicam exame de si mesmo (auto) é complexo. Está associado com muitos outros: egotismo, orgulho, egoísmo, auto-afirmação, pretensão, autoconfiança, autoconsciência, e vaidade.
Egotismo denota o desejo ou tendência de levar à atenção de outros o que somos, o que pensamos, e o que fazemos. Por outro lado, o egoísmo implica preocupação exagerada com nós mesmos, com nossas necessidades.
O egoísta não tem qualidades altruístas, está interessado principalmente em si mesmo e com as pessoas que o afetam.Orgulho é uma excessiva e não bem estabelecida satisfação consigo mesmo; envolve pretensão. Tem quase sempre uma implicação ofensiva e até ridícula. Desperta ressentimento em outros. Pelo lado bom desse tipo de auto-estima existe a autoconfiança, que surge em nossa consciência de retidão e de poder igual às demandas.Quando exibimos autoconsciência, guardamos nossos pensamentos para nós mesmos, mas com uma constante e ansiosa preocupação sobre o que outros pensam de nós. Em parte, autoconsciência se parece com vaidade, uma grande admiração por nós mesmos, acompanhada de um grande desejo pela admiração de outros.
Autoconsciência é quase sempre um pouco dolorosa; porém, vaidade é sempre uma fonte de satisfação, exceto quando não consegue receber o que pensa que merece.
Coroando esses conceitos está a alta auto-estima, associada com auto-afirmação, pelo lado construtivo, e a baixa auto-estima, às vezes associada com depressão e outras demonstrações de fraqueza, pelo lado destrutivo.A AUTO-ESTIMA COMO FONTE DE RESSENTIMENTOS.
Muito pesquisada por cientistas sociais do porte de A Bandura, E. A Locke e P. Bobko, auto-eficácia pode ser definida como um sentimento de auto-competência que alguém tem e manifesta ter no organizar e executar certos tipos de desempenho e cursos de ação.
A pessoa auto-eficaz é persistente na busca de soluções, de níveis mais altos de conquistas cognitivas e de interesse intrínseco nas atividades de que anteriormente não gostava. É um notório exemplo de alta auto-estima, no sentido funcional. Mas, neste caso, como em particulares outros, a alta auto-estima pode ser ofensiva às colegas que não exibem tanta habilidade, mas acreditam tê-las. Além disso, a pessoa auto-eficaz é competitiva, envolvida no trabalho, e engajada numa luta contínua de conseguir mais e mais em menos e menos tempo. Além das naturais arestas que tais comportamentos desenvolvem no contexto da pessoa auto-eficaz, ela tende a exercer controle pessoal sobre os resultados de suas ações e a dominar o contexto.
Esses e outros atributos da pessoa auto-eficaz são facilmente transferíveis a grupos sociais, empresas e a nações. O businessman americano típico é auto-eficaz; grandes empresas são auto-eficazes; o establishment americano e de outros países ricos é auto-eficaz. A auto-estima dessas entidades é às vezes excessivamente alta. Seus comportamentos lhes dão crescentes sucessos, mas geram crescentes ressentimentos.
A AUTO-ESTIMA COMO FONTE DE CONFLITOS
Também a baixa auto-estima promove conseqüências indesejáveis. Pessoas com baixa auto-estima costumam ter uma visão negativa de si mesmas; preocupam-se muito com elas mesmas, mas de uma forma confusa e desorganizada; às vezes têm algum sucesso, porém muito mais por causa de perseverança que por habilidade ou eficiência. Fogem de situações competitivas e jamais demonstram necessidade de serem superiores. Tendem a evitar riscos e sofrem com a possibilidade de fracassarem.
No lar e nos agrupamentos sociais, as pessoas de baixa estima tendem a conflitar com pessoas de alta e estável auto-estima. Na família, marido e mulher discutem por qualquer motivo; um tentando convencer o outro. Quando é o marido a pessoa com baixa auto-estima, ele quer resolver os conflitos com autoridade. Mas, quando é a mulher que tem baixa auto-estima, ela costuma ignorar ou aceitar o conflito, como se este fizesse parte do processo de viver junto. Afinal, ela não quer correr riscos.
Em qualquer milieu sociale a pessoa com baixa auto-estima pode ser muito criticada pela sua visão negativa e de pessimismo com praticamente tudo. Em geral, elas mesmas são muito críticas, reclamantes e propensas a fazerem dilemas de qualquer situação complexa. A conseqüência é muita discussão e autodefesa. Torna-se uma pessoa que todo mundo evita, quando a situação é de aliança, cooperação e esforço, sem garantias de sucesso. Muitas delas são estressadas, inclinadas à ansiedade e a outras disfunções psicofisiológicas.Entretanto, ao contrário do que se infere de algumas teorias, a pessoa com baixa auto-estima não é necessariamente agressiva. Por que baixa e alta auto-estima não são contrários, mas opostos num continuum estatístico, qualquer um pode tornar-se agressivo, quando acima ou abaixo da mediana desse continuum. Depende do comportamento que escolhemos ou somos levados a ter em certas situações, pois comportamentos são controlados não só internamente.
Como dizia Bandura (1986) pessoa, contexto e comportamento se influenciam continuamente.
Conflitos emergem como resultados de ações comportamentais consistentes. Quando em interface, pessoas de baixa auto-estima tendem a preferir o status quo (temem perder a tranqüilidade e fracassarem) e as de alta auto-estima (em geral proativas) querem mudar o contexto.
Elas tomam a iniciativa e prosseguem até que as mudanças aconteçam.
Quando encontram problemas difíceis são capazes de se tornarem ofensivas para atingirem seus objetivos. Aí sim, são conflitantes com quem quer que seja.
Por outro lado, a instabilidade emocional apanágio das pessoas com baixa auto-estima aumenta-lhes a sensibilidade e as torna antagônicas às mudanças.
A AUTO-ESTIMA COMO FONTE DE VIOLÊNCIA.
O que já se sabe é que pessoas ou grupos com alta auto-estima, quando ofendidos em seu orgulho se tornam violentos. De fato, de acordo com o nível de indignação, a violência é uma resposta natural, independentemente de ser alta a auto-estima.
Basta que o egotismo delas seja ameaçado.
Vimos isso no caso do ataque à América. Os americanos, sabemos, têm a auto-estima bem estabelecida e o orgulho bem fundamentado. Portanto, não esperemos uma vingança de curto fôlego e precipitada. Tenho observado que vinganças motivadas pelo orgulho ferido, pela traição, e pela ofensa à dignidade, de pessoas racionais, podem esperar. E, quanto mais adiadas, mais satisfação dão a elas. Parecem, depois, mais inteligentes e mais aceitáveis.
Por outro lado, a baixa auto-estima gerada pela humilhação explode também violentamente. Há pessoas e sociedades que já tiveram alta estima de si mesmos, muito antes de serem forçadas a incorporar uma personalidade de baixa estima, para sobreviverem.
Passaram por grandes transições na vida e não se esquecem de pessoas e sociedades que as humilharam indefensavelmente. Tornam-se tanto mais hostis quanto mais se sentem penalizados pela “imposta” baixa auto-estima. Com o tempo a baixa auto-estima se torna estável. Porém, ninguém que já a teve alta se acostuma com a baixa.
Tem-se verificado que homens as têm mais alta que as mulheres
Acredita-se que o criminoso ao matar considera-se superior à sua vítima. Daí uma certa frieza nele, no processo de eliminação. Esse sentimento de superioridade está bem expresso por Hitler nas violências que praticou. Ninguém saberia imaginar baixa auto-estima num Hussein, num Khomeini, Mussolini, Stalin e monarcas africanos. Para eles, assim como para pessoas igualmente altas em auto-estima, os insultos e as bofetadas, mesmo de origem desconhecida, têm respostas tangíveis, ainda que temporariamente arquivadas.
Bons exemplos coletivos são as guerras promovidas pelas nações fortes, porque sentem que não estão recebendo o respeito que merecem.
Vale lembrar que os países da antiga Mesopotâmia, e neste contexto, o Islamismo, foram povos muito avançados, comparativamente com outros na mesma época. Hoje, exceto alguns povos africanos, são os mais rebaixados em auto-estima.
Querem recobrar a alta estima de si mesmos, que já tiveram. Não aceitam mais a sua auto-estima ameaçada. A violência impessoal é, talvez, a única forma de recobrá-la, ainda que seja apenas por dignidade religiosa.
Sendo proibidos pelo Alcorão de tomar álcool, consomem papoulas para incentivar opiniões favoráveis de si mesmos. Sob os efeitos da droga, sentem-se superiores, atribuindo ou não a superioridade ao Islam. Pois, quem se sente superior aos outros, especiais e elite, não precisa de motivos para punir quem os desrespeita. A história daqui e de lá que o diga!
A AUTO-ESTIMA COMO FONTE DE DIGNIDADE NACIONAL
Nossa dignidade como Nação está há muito ameaçada pelas nações poderosas, pelo menos oito, encabeçadas pelos Estados Unidos. Já nos foi imposta toda possível humilhação econômica, que temos suportado bravamente.
Também estamos acomodados à baixa auto-estima, que o bom senso nos têm feito aceitar para talvez crescer, segundo as promessas delas e sob a bandeira da desejável democracia, e mais recentemente, o que tem parecido desejável globalização. O brasileiro que ainda tem alta auto-estima a vê ameaçada, mas nada pode fazer, porque a baixa auto-estima é aceita pelo próprio governo. Este, diante das decisões das oito grandes, perdeu já qualquer egotismo que tinha, ou que jamais teve, patrioticamente falando.
Certamente, como Nação, já não temos o narcisismo que nos insufla o Hino Nacional. Mas, ainda assim, o cantamos com muito orgulho. É da baixa auto-estima adequar-se à situação, quando esta parece não ter remédio. É claro, não mais desejamos possível ser invejados por outras nações.
Talvez, seja por isso que os meninos e meninas das nossas escolas já quase não cantam os hinos Nacional e da Bandeira. Os diretores não querem ser cognitivamente dissonantes. As palavras deles são um grito de justo narcisismo patriótico. Narcisismo não admite incongruência.
Não somos propensos à agressão aos promotores de nossa humilhação e parece que já não temos alta opinião de nós mesmos, enquanto membros da maior economia dos humilhados. Neste ano, o México tirou-nos esta fonte de orgulho tradicional. Mas, em estado de baixa auto-estima ninguém agride ninguém, a não ser quando os motivos são transcendentais, e nós não o temos. Algumas nações que ainda os têm são como o lobo da fábula de Esopo: preferem ficar magras e famintas perambulando pelas florestas sem caça, que gordos e luzidios com a marca da coleira no pescoço.
A AUTO-ESTIMA COMO FONTE DE AFIRMAÇÃO PESSOAL
Porém, é complicado nos alimentarmos com alta auto-estima, quando não a merecemos. Hoje, tenho observado que nos colégios, nas escolas e principalmente nas universidades, maus e bons alunos ganham diplomas de competência para prosseguirem seus estudos. A alta estima insuflada pelas instituições e pelos pais redunda em baixa auto-estima percebida.
A realidade logo desmente as instituições premiadoras. Auto-estima depende de conquistas que somente as pessoas que as conseguem valorizam. Ela nunca é falsa. As frustrações indeléveis de muitos jovens se fundam nessa alta auto-estima mandada.
Suas conseqüências sociais já conhecemos! Conquistas artificiais não contribuem para a afirmação pessoal. Pessoas depressivas que o digam. Elogios e recompensas devem estar conectados com desempenho. Quando não, as pessoas enchem seus balões de auto-amor, e se tornam abespinhados e venenosos, quando alguém se lhes os fura com uma agulha qualquer. Pois, a alta estima é um comportamento mais duradouro que a baixa estima de si mesmo.Quando mandada institucionalmente na escola ou na família, a auto-estima é uma mentira a que a pessoa se habitua, como com uma máscara que lhe cola à cara.Portanto, a afirmação pessoal não pode ser doada. Nenhuma nação se enriquece endividada nem uma pessoa fica melhor com diplomas e títulos sem correspondente realismo. Estaremos sempre com a auto-estima ameaçada, quando a baixa não nos agrada e alta não nos cabe.
Encontrado em http://triviaphilosophica.com.br
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