terça-feira, 18 de maio de 2010

COBRAR,PAGAR E RECEBER

Depois de um dia de caminhada pela mata, mestre e discípulo retornavam ao casebre, seguindo por longa estrada.

Ao passarem próximo a uma moita de samambaia, ouviram um gemido.

Verificaram e descobriram um homem caído. Estava pálido e com uma grande mancha de sangue, próxima ao coração.

Tinha sido ferido e já estava próximo da inconsciência.

Com muita dificuldade, mestre e discípulo o carregaram para o casebre rústico, onde viviam. Lá trataram do ferimento.

Uma semana depois, já restabelecido, o homem contou que havia sido assaltado e que ao reagir fora ferido por uma faca.

Disse também que conhecia seu agressor, e que não descansaria enquanto não se vingasse.

Disposto a partir, o homem disse ao sábio: "Senhor, muito lhe agradeço por ter salvo a minha vida. Tenho que partir e levo comigo a gratidão por sua bondade. Vou ao encontro daquele que me atacou e vou fazer com que ele sinta a mesma dor que senti."

O mestre olhou fixo para o homem e disse:
"Vá e faça o que deseja. Entretanto, devo informá-lo de que você me deve três mil moedas de ouro, como pagamento pelo tratamento que lhe fiz."

O homem ficou assustado e disse:
"Senhor, é muito dinheiro. Sou um trabalhador e não tenho como lhe pagar esse valor!"

Com serenidade, tornou a falar o sábio: "Se não pode pagar pelo bem que recebeu, com que direito quer cobrar o mal que lhe fizeram?"

O homem ficou confuso e o mestre concluiu: "Antes de cobrar alguma coisa, procure saber quanto você deve. Não faça cobrança pelas coisas ruins que aconteçam em sua vida, pois a vida pode lhe cobrar tudo de bom que lhe ofereceu."

autor desconhecido

3 comentários:

  1. O homem que recebeu o bem ficou feliz e agradecido, porém aquilo foi insuficiente para comovê-lo e abrir-lhe os olhos. Ele continuou “cego” para os bons sentimentos, pois não percebeu que no momento que recebia o bem, estava ganhando uma oportunidade de “tirar a venda dos olhos”, podendo passar a enxergar o mundo com novos olhos, os olhos do amor ao próximo, sem nada cobrar, nem exigir.

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  2. Assim é com a maioria dos seres humanos que andam pelo mundo, que muitas vezes, mesmo tendo pessoas boas de coração perto de si, preferem continuar cegos e revoltados contra quem lhe fez mal um dia.
    Com isso acabam negligenciando e passando por cima do bem que recebem, sendo totalmente egoístas, achando na sua curta visão, que este deve ser usado apenas em seu benefício próprio; ou seja, preferem continuar seguindo a estrada negativa.

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  3. Quando são provados para mostrar o que aprenderam com a convivência do bem que estava muitas vezes ao seu lado, na mesma casa, mostram as suas “garras de animal enfurecido” com a diferenciação de que o animal ainda vive apenas de instintos, não possuindo quase racionalidade.

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