quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A MÁGICA E A MAGÍA

Antes de mais nada: magia não é mágica. Mágica é o que se faz em shows. Defino magia como sendo: a manipulação de energia pelo ser humano para conquistar um determinado objetivo. Os africanos, assim como nossos aborígenes e muitos outros povos, eram animistas, isto é, atribuíam espírito a todos os fenômenos naturais e procuravam efetivá-los por meio de práticas magistas. Ao contrário do que se pensa, os africanos cultuavam, e continuam a cultuar, um só Deus, Olodumarè. Associavam suas vidas à vida da natureza numa comunhão entre Orísá e Homens. Temiam e amavam a água, que os afogava, mas que aplacava sua sede e fazia com que as plantas crescessem. Temiam e amavam o fogo que os queimava, mas espantava as feras e melhorava seus alimentos. Temiam e amavam o sol que secava a terra, mas os iluminava e aquecia. As plantas, que curam, mas também matam, os ventos fortes, os raios, e assim por diante, tudo na Natureza é divino. Repare que já podemos extrair um conceito muito importante: a energia, se a imaginarmos como uma linha, age diferente em cada ponto dessa mesma linha, mas é a mesma linha, a mesma energia. Ao examinarmos o fogo, o elemento fogo, perceberemos que ele queima. A energia fogo não sabe, não tem como saber, se está queimando uma vela, lenha em uma fogueira, lareira ou fogão ou se está destruindo uma casa ou floresta, portanto não é cenciente (não tem consciência), não pensa. A energia fogo faz isso, muda as coisas através da queima e, se aliada à magia, a transmuta. Se nós podemos atear fogo em algo ou apagar um fogo, significa que podemos manipular o fogo e, se soubermos como, poderemos também manipular a energia fogo. Essa manipulação da energia é magia! Já se sabe que nada acontece por acaso e todos os fenômenos da natureza (Orísá) têm uma explicação lógica. Consequentemente, os fenômenos podem ser estudados e manipulados, alterados, propiciados, estimulados ou impedidos. Para isso basta que a energia seja conhecida e corretamente manipulada. Já que estamos falando em magia, vou aproveitar para deixar outro conceito. Na nossa religião manipulamos energia o tempo todo, portanto fazemos magia o tempo todo e existem dois tipos básicos de magia: a que chamamos Magia Branca e a que chamamos Magia Negra, todas as demais derivam de uma dessas duas. Qual a diferença entre elas? Ao contrário do que se diz e do que nos foi deixado por outras religiões, a diferença não está no resultado, ou objetivo a ser alcançado, nem na intenção com que se faz. Acompanhe o raciocínio. O bem maior dado pela Causa da Criação, Olodumaré, a todos os seres do Universo foi o Livre Arbítrio, o direito à escolha. A grande maioría dessas escolhas são feitas perante o próprio Olodumaré quando estamos nos preparando para a encarnação, portanto ninguém tem o direito de interferir no Livre Arbítrio ou nas escolhas que cada um fez antes de encarnar. É um bem supremo que todo ser possui, inclusive o ser humano. Se alguém, seja lá quem for, se achar no direito de decidir o que é melhor ou não para outro estará desrespeitando esse Bem que Olodumarè lhe deu, portanto não estará agindo em conformidade com as Leis Cósmicas, que são Leis Divinas. O que eu ou você julgamos ser correto ou melhor para outro não é necessariamente verdadeiro, ou pode ser verdadeiro em determinado momento ou situação, mas não em outro, portanto é uma questão de julgamento pessoal. Assim sendo, para que você, eu ou qualquer um ajude outra pessoa e que essa ajuda seja realmente boa, seja Magia Branca, será necessário respeitar o Livre Arbítrio dos outros. Portanto, para se ajudar alguém é necessário que essa pessoa queira real e verdadeiramente ser ajudada, pois só assim o livre-arbítrio estará sendo respeitado. Varias vezes recebi mães desesperadas pedindo para separar a filha de um namorado que "não presta". Em outras recebi pessoas querendo a qualquer custo ficar com a pessoa que "amam". Muitos devem pensar que o primeiro pedido é meritório de ajuda, mas não o segundo. Pergunto: qual a diferença entre os dois pedidos? Eu mesmo respondo: nenhuma diferença há! Nos dois casos são pessoas querendo interferir, forçar, atitudes na vida de outros. Há quatro coisas que devem acontecer para que a ajuda exista de fato e não vá contra o livre arbítrio de outro (nem do ajudado, nem do “ajudador”), é a regra do QPPQ, citarei somente as duas que se referem ao solicitante: - quem vai ser ajudado, assim como todos os envolvidos, devem QUERER receber essa ajuda; - quem vai ser ajudado, assim como todos os envolvidos, devem PEDIR a ajuda (o ato de pedir já é, por si só, transmissão de Axé, mas também serve para garantir que o item anterior seja verdadeiro e não que seja o querer de um terceiro). Se não for assim, não existirá ajuda, o que será feito é se intrometer, interferir na vida e no livre arbítrio e não será nem ajuda, nem Magia Branca. fonte:TUATO - http://www.tuato.com.br